A violência aumentou na Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967, após o início do conflito em Gaza.

O Exército israelita lançou uma "operação antiterrorista" com bombardeamentos e incursões de comboios de blindados nas cidades de Jenin, Nablus, Tubas e Tulkarem, e contra dois campos de refugiados.

As forças israelitas indicaram que "eliminaram nove terroristas", mas o Ministério da Saúde da Autoridade Palestiniana, que exerce competências limitadas na Cisjordânia, divulgou um balanço de "11 mortos". As operações israelitas também deixaram 24 pessoas feridas, segundo o Crescente Vermelho palestinianos.

Segundo o Hamas, três dos mortos no campo de refugiados de Jenin são membros do seu braço armado. Pela noite continuaram os disparos e as explosões neste reduto de grupos armados palestinianos, segundo um jornalista da AFP.

A ONU assinalou que, entre as vítimas mortais, há "crianças" e considerou que a operação "corre o risco de agravar seriamente uma situação já catastrófica".

"Israel, como potência ocupante, deve cumprir as suas obrigações segundo o direito internacional", declarou a porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU (Acnudh), Ravina Shamdasani.

O governador de Tulkarem, Mustafa Taqataqa, garantiu que o Exército israelita "destruiu a rede de infraestrutura do campo de Nur Shams". "Está claro que têm um plano que aponta [...] para todos os campos da Cisjordânia", afirmou.

Desde o início da guerra em Gaza, mais de 650 palestinianos morreram na Cisjordânia ocupada por ações do Exército ou de colonos israelitas, segundo um balanço feito com informações da Autoridade Palestiniana, que administra parcialmente esta região.

Do outro lado, pelo menos 20 israelitas morreram neste território, entre eles soldados, atacados por palestinianos ou em operações militares, segundo dados oficiais de Israel.

Um porta-voz do Exército israelita relativizou a importância da operação desta quarta, indicando que não era "muito diferente nem especial" em comparação com outras anteriores.

Mas o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, assinalou que o objetivo era "desmantelar infraestruturas terroristas iraniano-islamistas" na Cisjordânia.

Por sua vez, o movimento palestiniano da Jihad Islâmica, aliado do Hamas, denunciou uma "guerra aberta por parte do ocupante" israelita para "impor uma nova situação no terreno para anexar a Cisjordânia".

EUA sanciona colonos israelitas

Os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra colonos israelitas na Cisjordânia e pediram a Israel que combatesse estes grupos "extremistas".

"A violência dos colonos extremistas na Cisjordânia provoca intenso sofrimento humano, prejudica a segurança de Israel e compromete as perspectivas de paz e estabilidade", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

Por sua vez, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, criticou tal iniciativa. "Israel considera muito grave a imposição de sanções contra cidadãos israelitas. A questão é objeto de discussões intensas com os Estados Unidos".

O Exército israelita admitiu que tinha fracassado em impedir o ataque de uma centena de colonos judeus contra um vilarejo palestiniano em 15 de agosto, um incidente que provocou protestos internacionais.

O general de divisão Avi Bluth classificou tal ataque contra o vilarejo de Jit, que deixou um morto, como "ato terrorista muito grave" e indicou que o caso "não será encerrado até que os autores compareçam perante a Justiça".

Sem trégua em Gaza

Entretanto, na Faixa de Gaza, devastada por mais de dez meses de guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) suspendeu as suas operações, após o bombardeamento contra um veículo da ONU.

O PMA anunciou a suspensão, "até novo aviso", dos deslocamentos de seu pessoal em Gaza. "É totalmente inaceitável", declarou em comunicado Cindy McCain, diretora dessa agência da ONU.

A Defesa Civil de Gaza reportou pelo menos 12 mortos em novos bombardeamentos no centro e no sul do território.

A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro que resultou na morte de 1.199 pessoas, a maioria civis.

Além disso, os milicianos sequestraram 251 pessoas, das quais 105 continuam em Gaza, incluíndo 34 reféns que os militares israelitas declararam como mortos.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma vasta ofensiva que já deixou 40.534 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas.

Os países mediadores entre Israel e Hamas — Qatar, Egito e Estados Unidos — tentam conseguir uma trégua e a libertação dos reféns em troca de palestinianos presos em Israel.

Uma delegação israelita chegou a Doha, no Qatar, nesta quarta-feira para um diálogo de "nível técnico" com os mediadores, segundo uma fonte próxima às negociações.