Em comunicado, o Cendrev revelou que a estreia do espetáculo está marcada para as 21:30 de quinta-feira, no Largo Chão das Covas, em Évora, onde vai ficar em cena até dia 27 deste mês.

“O texto dramático é sempre o ponto de partida de um novo projeto de criação da companhia, como é agora o caso de mais uma viagem ao maravilhoso universo de Federico García Lorca”, realçou a companhia teatral alentejana.

Há dois anos, no mesmo dispositivo cénico, o Cendrev apresentou “Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu Jardim”, da autoria do mesmo poeta e dramaturgo espanhol (1898-1936).

Com “A Sapateira Prodigiosa”, escrita entre 1926 e 1930 - ano em que foi encenada pela primeira vez -, o Centro Dramático de Évora regressa, assim, ao Largo Chão das Covas.

Trata-se de “um lugar da cidade com condições extraordinárias para acolher espetáculos de teatro”, realçou o encenador do novo espetáculo, José Russo.

O também diretor do Cendrev assinalou ainda que “trabalhar na rua” permite à companhia atrair “sempre novos espetadores”, dos quais “alguns” até assistem às atuações diversas vezes.

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A nova peça é interpretada por Ana Meira, Carolina Pequito, Ivo Luz, Mariana Ramos Correia, Jorge Baião e José Russo.

O cenário, figurinos e adereços são da autoria de Filipa Malva, a direção musical ficou a cargo de Hugo Monteiro e o desenho de luz é ‘assinado’ por António Rebocho.

Segundo Federico García Lorca, “a sapateira é uma farsa, ou melhor, um exemplo poético da alma humana, e apenas ela tem importância dentro da peça”, pode ler-se no comunicado.

“As restantes personagens limitam-se a servi-la. A cor da obra é acessória e não fundamental como noutra espécie de teatro”, disse também o autor, em 1933, aquando da encenação que dirigiu.

O dramaturgo espanhol, na altura, referiu também que até “poderia ter situado este mito entre os esquimós”.

“A palavra e o ritmo podem ser andaluzes, mas não a substância. E a sapateira não é uma mulher em especial, mas todas as mulheres”, porque, “no coração de todos os espetadores, há uma sapateira que voa”, argumentou Lorca, citado pela companhia alentejana.

Nome da chamada Geração de 27 que abriu as Letras de Espanha à modernidade, Federico García Lorca nasceu em Fuente Vaqueros, na província de Granada, em junho de 1898.

Autor de "Yerma", "A Casa de Bernarda Alba" e "O Público", peças que marcaram o teatro contemporâneo, distinguiu-se igualmente na poesia com a publicação de títulos como "Romanceiro Gitano", "Poema del Cante Jondo", "Poeta em Nova Iorque" e "Divã do Tamarit".

Lorca foi uma das primeiras vítimas da Guerra Civil de Espanha (1936-1939), tendo sido fuzilado pelas forças do ditador Francisco Franco, em 18 de agosto de 1936, dois dias depois de feito prisioneiro. Sepultado em segredo, o corpo nunca foi encontrado.

A nova produção do Cendrev, com entrada gratuita, vai ter sessões de quarta-feira a domingo, sempre às 21h30, estando programadas sessões com tradução em língua gestual portuguesa nos dias 13 e 20.