Segundo o The Guardian, o piloto britânico de Fórmula 1 (F1), Lewis Hamilton, demonstrou-se descontente com alguns comentários feitos pelo presidente da FIA, o órgão regulador da F1.

Durante a preparação para o Grande Prémio de Singapura, que decorre já este fim de semana, Ben Sulayem disse que estava preocupado com os insultos trocados pelos pilotos através do rádio da equipa, mesmo que as trocas de palavras fossem transmitidas com atraso e os palavrões censurados.

“Temos que diferenciar o nosso desporto, o automobilismo, e o rap”, disse. “Não somos rappers. Eles dizem a palavra com 'f' quantas vezes por minuto? Não somos assim. Eles são eles e nós somos [nós]”, acrescentou.

Hamilton, que já teve mais do que um desentendimento com Ben Sulayem desde que este se tornou presidente da FIA, em dezembro de 2021, sentiu que as suas palavras representavam um preconceito racial.

“Não gostei de como ele se expressou. Dizer 'rappers' é muito estereotipado”, referiu Hamilton. “Se pensarmos sobre isso, a maioria dos rappers é negra, e ele diz: 'Não somos como eles'. Essas são as escolhas de palavras erradas e há um elemento racial aí”, continuou.

No entanto, o piloto não foi o único a ridicularizar os últimos comentários do presidente.

Numa conferência de imprensa em Singapura, Max Verstappen, o campeão mundial de Fórmula 1, descreveu o seu carro com a palavra "f", referindo-se à última competição em Baku. Solicitado, pelo moderador da conferência, a controlar a sua linguagem, respondeu:

“Eu não posso nem dizer a palavra com 'f', quer dizer, não é tão mau assim, pois não? O carro não estava a funcionar, o carro estava avariado. Desculpe-me pela linguagem”, disse.

“Vamos lá, o que somos? Crianças de cinco anos? Crianças de seis anos? Mesmo que uma criança de cinco ou seis anos esteja a assistir, elas vão acabar por insultar de qualquer maneira, mesmo que os pais não queiram ou não permitam”, finalizou.

Por sua vez, Lando Norris afirmou que os fãs iriam perder a "crueza dos pilotos, os seus pensamentos e sentimentos" ao restringirem o rádio da equipa ou aplicarem sanções devido à linguagem utilizada.

“Quando eu ouço, acho emocionante”, salientou. “Não é só uma linguagem agradável, gentil e suave que as pessoas procuram. Tenho a certeza de que há muitos outros desportos e coisas a que se assiste e que é isso que se quer ouvir”, reforçou.

A presidência de Ben Sulayem tem sido marcada por algumas controvérsias.

Recentemente, foi criticado por comentários sexistas nas suas redes sociais pessoais, ao dizer que "não gostava de mulheres que se achavam mais inteligentes do que os homens, pois não o eram, na verdade". Rapidamente, a FIA veio a público distanciar-se destas afirmações.

Já em 2023, o presidente foi censurado pelos proprietários da Fórmula 1 ao questionar a forma como o desporto era avaliado. Na época, a Formula One Management enviou uma carta a alertar que, com aquelas atitudes, Ben Sulayem, corria o risco de "sérias consequências".