O lançamento, da base espacial europeia em Kourou, na Guiana Francesa, está previsto para entre as 19h00 e as 23h00 (hora de Lisboa) e pode ser acompanhado em direto nas redes sociais da ESA e no Youtube.

O teleporto de Santa Maria, nos Açores, operado pela Thales Edisoft Portugal, vai ser a primeira estação a fornecer dados do foguetão, indicou à Lusa a empresa, que "irá contribuir para o estabelecimento de comunicações durante uma fase crítica da missão".

Segundo a Thales Edisoft Portugal, o lançamento inaugural do Ariane 6 "marca o regresso da capacidade operacional europeia de acesso ao espaço".

A bordo do foguetão seguirá o ISTSat-1, o primeiro nanossatélite concebido por uma instituição universitária portuguesa.

Em comunicado enviado ao SAPO24, a empresa de software Critical Software, parceira deste projeto, explica que a partir da tecnologia de telemetria desenvolvida (tecnologia que permite a medição e comunicação de informações de interesse do operador ou desenvolvedor de sistemas) existem dois tipos de telemetria gerados: um para a monitorização do voo em tempo real e outro para o pós-processamento e análise da qualidade de voo.

Este novo satélite universitário, o ISTSat-1, desenvolvido pelo CubeSat do Instituto Superior Técnico, destaca-se como o primeiro satélite universitário totalmente desenvolvido e fabricado em Portugal.

Segundo a empresa, este software de telemetria agregará e processará, em apenas 5 milissegundos, a enorme quantidade de dados gerada pelos sensores “on-board”, em tempo real e de modo determinístico, garantindo que os constrangimentos e requisitos de transmissão são respeitados antes de os dados serem enviados. Assim, as estações de controlo terrestre poderão utilizar esses dados, que são essenciais para a monitorização e controlo das várias fases do lançamento. Além disso, esses dados permitirão a análise e correção de eventuais falhas que possam comprometer o foguetão.

Ariane 6
Ariane 6 Ariane 6 créditos: 24

Para Diogo Amorim, Gestor de Desenvolvimento de Negócio na Critical Software, “este é um momento muito aguardado para o futuro da exploração espacial europeia e para a Critical Software, já que a renovada autonomia estratégica permite agora à indústria europeia iniciar um novo ciclo tecnológico que incluirá lançadores reutilizáveis e especializados, menor custo e forte concorrência”.

"A equipa do Técnico estará a receber as informações do satélite na estação-terra do polo de Oeiras e a verificar, comparando os dados recebidos com dados de referência, se o satélite cumpre as funções previstas e possui o desempenho esperado", precisou o Instituto Superior Técnico em esclarecimentos anteriores à Lusa.

O ISTSat-1 vai estar posicionado a 580 quilómetros da Terra, acima da Estação Espacial Internacional, a "casa" e laboratório dos astronautas, e enviar os primeiros dados até cerca de um mês depois do início das operações.

O nanossatélite, que custou cerca de 270 mil euros, ficará em órbita entre cinco e 15 anos antes de reentrar na atmosfera.

Junto com o ISTSat-1 irão outros satélites e equipamentos científicos de instituições, empresas e agências espaciais estrangeiras.

O Ariane 6, cujo voo inaugural ocorre com um atraso de quatro anos e teve um custo de 4,5 mil milhões de euros, irá suceder ao Ariane 5, que fez o seu último voo em julho de 2023.

A ESA, da qual Portugal é Estado-Membro desde 2000, prevê um segundo lançamento, desta vez comercial, da nova gama de foguetões europeus até ao final do ano. Para os dois anos seguintes estão programados 14 voos.

É com este foguetão que a ESA pretende enviar em 2026 a sonda espacial Plato, que irá "fotografar" milhares de estrelas e procurar planetas semelhantes à Terra. A missão tem participação científica portuguesa, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

Este foguetão Ariane 6 é ainda um projeto marcante para a indústria espacial europeia, sendo que irá aumentar a periodicidade de lançamentos e reduzir para metade os custos dos serviços de lançamento. Este aspeto abrirá novas possibilidades para a Agência Espacial Europeia e criará opções sem precedentes para as empresas espaciais privadas explorarem oportunidades comerciais.

*Com Lusa