A realização da romaria esteve envolta em polémica nos últimos meses, após ter sido cancelada pelo pároco local, António Augusto. A decisão gerou um movimento de paroquianos que avançaram com um manifesto e dois abaixo-assinados.

Contudo, a manutenção da tradição acabou confirmada com a intervenção do bispo do Porto, que em junho fez sair a autorização para a procissão, que ficou agendada para agosto.

E se tudo parecia encaminhado, a morte repentina do padre veio dar uma nova volta à história e a procissão foi novamente cancelada.

Num comunicado no Facebook, a nova comissão de festas de Lavra anunciou associar-se ao “luto eclesiástico” pela morte do padre António Augusto, entretanto substituído pelo padre Francisco Vigário.

Neste cenário, a comissão de festa anuncia que as festividades foram “suspensas” e indica que a nova data será definida “em tempo oportuno”.

A Diocese do Porto lamentou "a morte inesperada" do prior, que "a todos atingiu e deixou sem palavras" e fez referência aos episódios dos últimos meses.

"Diante de circunstâncias conhecidas e amplamente divulgadas, importa sublinhar a disponibilidade do padre António Augusto para encontrar uma solução. Foi esse amor à Igreja, a todos ao paroquianos e o desejo de encontrar a paz que o motivou ao diálogo e a convidar um sacerdote vizinho para ajudar à realização da festa do dia 11 de agosto. E só depois disso, com o seu conhecimento e na presença de paroquianos por ele indicados, se concretizou uma reunião onde foi comunicada a decisão", pode ler-se no comunicado, que reforça a disponibilidade do bispo D. Manuel Linda "para acolher e escutar" as preocupações do sacerdote quanto à procissão.

"Reuniram-se várias vezes e mantiveram-se em contacto telefónico continuamente. As propostas de solução a que iam chegando deveram-se sempre à colaboração do pároco e nunca resultaram de qualquer imposição. E será oportuno sublinhar que, em todos os momentos, foi contínua a vontade do Pe. António Augusto em permanecer nas paróquias a ele pastoralmente confiadas", foi ainda frisado.

"O momento que vivemos entristece-nos e deve motivar todos na busca conjunta de um caminho onde a diversidade nos deve enriquecer e nunca dividir. Tal esforço será o melhor contributo à memória do Pe. António Augusto que passou pelo meio de nós servindo", remata o texto,

O que se sabe sobre a morte do padre?

A primeira confirmação do falecimento do sacerdote surgiu através de uma publicação do padre Amaro Gonçalves no Facebook, a 1 de julho.

"Faleceu o Sr. Pe. António Augusto Teixeira de Sousa, pároco de Lavra e Perafita. Não se sabe se faleceu ontem ou hoje. Foi encontrado morto na residência paroquial, pelo secretário Delfim, que o chamava hoje para um serviço religioso", foi referido na altura. No mesmo dia, a diocese confirmou a morte, mas não foi adiantada qualquer informação quanto às causas.

Numa reportagem do Observador, vários paroquianos rejeitam que o clima de tensão vivido devido à procissão tenha relação com a morte repentina do padre. "Foi na hora em que tinha de ir, não passou de uma coincidência".

Todavia, também há quem reconheça o impacto de tudo o que aconteceu na vida do sacerdote, que teve períodos em que não comia ou dormia. Além disso, mostrava-se angustiado e chegou a ter a tensão arterial elevada.

Segundo o jornal, a diocese foi informada do estado de saúde por vários responsáveis de movimentos paroquiais.