No início de 2019, numa cerimónia fúnebre de um psiquiatra proeminente, uma série de "médicos e outros profissionais de saúde mental" disseram a Nancy Pelosi que estavam "profundamente preocupados com o facto de haver algo de muito errado" com Donald Trump, "e que a sua saúde mental e psicológica estava em declínio", refere o The Guardian, que teve acesso ao livro.

De recordar que Pelosi foi presidente da Câmara dos Representantes entre 2007 e 2011 e entre 2019 e 2023, este último período coincidindo com a presidência de Trump.

Agora, as suas memórias são publicadas no meio de uma campanha presidencial tumultuosa, em que Trump é o candidato republicano para uma terceira eleição.

As questões sobre a aptidão de Trump para o cargo são o fio condutor do livro. Aos 78 anos, Trump é o candidato mais velho de sempre, após a desistência de Biden, e as suas declarações de campanha são estudadas pelos seus erros frequentes — os seus discursos são muitas vezes desconexos e marcados por referências consideradas bizarras.

Apesar disso e das revelações relativas a 2019, Pelosi diz que não solicitou declarações sobre a saúde mental de Trump aos participantes no memorial do Dr. David Hamburg, "um psiquiatra distinto que (...) serviu como presidente da Carnegie Corporation, onde foi uma grande voz para a paz internacional", e que morreu em abril desse ano.

Mesmo assim, não deixa de expressar a sua opinião sobre a saúde mental de Trump, apelidando-o de "desequilibrado".

"Eu conhecia o desequilíbrio mental de Donald Trump. Tinha-o visto de perto. A sua negação e, depois, os seus atrasos quando a pandemia de Covid atingiu o país, a sua propensão para abandonar repetidamente as reuniões, a sua boca suja, as suas pancadas nas mesas, os seus acessos de raiva, o seu desrespeito pelos patriotas da nossa nação e a sua total separação da realidade e dos acontecimentos. A sua insistência repetida e ridícula de que era o maior de todos os tempos", referiu em 2021.