Desde que começaram os confrontos, a polícia realizou mais de 378 prisões, segundo o NPCC, organismo que reúne os chefes das diversas forças policiais de todo o país.

"É provável que este número aumente à medida que os investigadores continuem a identificar e prender os vândalos", alertou o presidente do NPCC, Gavin Stephens.

O primeiro-ministro prometeu que o governo vai "fortalecer a justiça criminal" para garantir sanções "rápidas" num momento em que o país está chocado com as imagens de ataques a abrigos para requerentes de asilo e mesquitas, saques a lojas e confrontos com a polícia.

A onda de violência eclodiu após um ataque à faca que resultou na morte de três meninas há uma semana, durante uma festa temática da cantora americana Taylor Swift em Southport. De teor local, os protestos espalharam-se depois por todo o país.

Os distúrbios foram alimentados por falsos rumores e especulações na internet sobre a identidade do suspeito e algumas versões divulgadas por "influencers" de extrema-direita indicavam que o autor do crime era um requerente de asilo muçulmano.

A polícia informou que o suspeito é um jovem de 17 anos nascido no País de Gales, embora a imprensa britânica tenha reportado que os seus pais são ruandeses.

Embora não tão violentos como os distúrbios do fim de semana, a noite desta segunda-feira também teve incidentes. Em Plymouth, no sudoeste do país, a Sky News transmitiu imagens ao vivo de um confronto tenso entre militantes de extrema-direita e contramanifestantes, separados por agentes da polícia dos dois lados de uma estrada.

A emissora também informou que um dos seus veículos foi atacado por um homem armado com uma faca em Birmingham, onde uma multidão de muçulmanos reuniu-se dizendo estar "preparada" para defender as ruas após os rumores de uma concentração de extrema-direita.

Depois de assumir uma posição de rigidez nos últimos dias contra aqueles que descreveu como "bandidos de extrema-direita", Starmer reuniu o gabinete de crise na sua residência de Downing Street, em Londres.

O primeiro-ministro britânico anunciou nesta segunda-feira que será criado um contingente permanente de polícias treinados para serem destacados em caso de novos distúrbios. "O meu objetivo é garantir que acabemos com esses distúrbios", declarou.

A violência representa um grande desafio para Starmer – um advogado de direitos humanos e ex-chefe do Ministério Público britânico – eleito há apenas um mês na vitória esmagadora dos Trabalhistas sobre os Conservadores.

Desde o ataque à faca da última segunda-feira em Southport, no noroeste de Inglaterra, os distúrbios e confrontos entre polícia, manifestantes e, por vezes, contra-manifestantes antirracistas multiplicaram-se em inúmeras cidades britânicas, desde Liverpool, no noroeste, até Bristol, no sudoeste, passando por Leeds, Sunderland ou Belfast, na Irlanda do Norte.

No domingo, estas manifestações, sob o lema "Já chega" em referência à chegada ao Reino Unido de migrantes que atravessam o Canal da Mancha em embarcações insufláveis, levaram a ataques contra dois hotéis que abrigam requerentes de asilo.

Em Rotherham, no norte da Inglaterra, centenas de pessoas concentraram-se, partiram janelas, provocaram incêndios e lançaram projéteis contra agentes da polícia, enquanto outros gritavam lemas como "Expulsem-nos".

O Reino Unido não vivenciava uma onda de violência como esta desde 2011, após a morte de Mark Duggan, um jovem miscigenado, por agentes da polícia no norte de Londres.

A polícia culpou especialmente a English Defence League (Liga de Defesa Inglesa), um grupo de extrema-direita criado há 15 anos, cujas ações contra a imigração têm sido frequentemente marcadas por explosões sociais.

De forma mais ampla, alguns comentadores e legisladores acreditam que o aumento da retórica anti-imigração entre os políticos britânicos legitimou os manifestantes.