Na missiva, enviada por correio eletrónico, datada do dia 04 deste mês e assinada pelo diretor da Hutchinson Borrachas de Portugal (HBP), Víctor Brandão, a que a agência Lusa teve acesso, é explicado que durante os últimos meses “os ‘stocks’ nos centros de distribuição aumentaram devido a uma redução da carteira de encomendas” por parte clientes finais.

“Era nossa expectativa que a redução dos nossos níveis de produção, durante o período das férias, levasse a uma redução dos ‘stocks’. No entanto, durante o período de julho e agosto a carteira de encomendas não evoluiu da forma esperada, tendo mesmo sofrido uma nova redução”, lê-se na carta.

De acordo com a empresa que produz borrachas para a industria automóvel, foi “essencial” adotar no final de julho uma primeira medida de cessação de contratos de utilização de trabalho temporário.

“Esperávamos que, com essa medida e com o retomar da atividade normal dos nossos clientes após o período de férias, a situação estabilizasse. No entanto, as últimas informações não são boas”, lamenta.

O diretor da HBP recorda que a carteira de encomendas “sofreu novamente uma redução” e as previsões que têm apontam para a “continuação desta tendência nos próximos meses e de forma acentuada”.

“Neste quadro de forte redução da nossa carteira de encomendas, e face às circunstâncias acima expostas, a HBP não poderá manter o número de trabalhadores temporários que atualmente prestam serviço na empresa porque os motivos que justificaram o recurso aos mesmos vão deixar de se verificar. Em face disso a HBP terá de diligenciar no sentido de ser comunicada a caducidade de cerca de 100 contratos de trabalho temporário”, lê-se na carta.

Víctor Brandão escreve ainda que a HBP vai continuar a analisar a evolução da carteira de encomenda durante as próximas semanas, “avaliando” a necessidade eventual de serem tomadas medidas adicionais.

Em relação ao futuro, Vítor Brandão acredita que “em breve” o volume de encomendas vai aumentar, o que levará a empresa a tomar medidas no “sentido inverso”, esperando depois poder contar com “aqueles que agora cessarão contrato”.

Fonte da comissão sindical do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE Sul) indicou à Lusa que em julho a empresa já tinha cessado contratos com “mais de 30” trabalhadores temporários.

A fonte da comissão sindical do Site Sul confirmou também que “o 'stock' da empresa está cheio” e que “as máquinas estão paradas”.

“Não há trabalho para tanta gente”, lamentou.

A mesma fonte sindical garantiu que nesta altura não estão em risco os cerca de 600 postos de trabalho efetivos.

A fonte do Site Sul indicou ainda que permanecem na empresa “entre 50 a 60 trabalhadores temporários”.