De acordo com o The Guardian, na manhã desta segunda-feira, duas embarcações chinesas e outras filipinas colidiram durante um confronto perto de um banco de areia, conhecido como Sabina Shoal, disputado no Mar da China Meridional.

Os representantes da China e das Filipinas culparam-se mutuamente pelo incidente.

O porta-voz da Guarda Costeira da China, Geng Yu, disse que um navio filipino "colidiu deliberadamente" com o navio chinês.

“Os navios da guarda costeira filipina entraram ilegalmente nas águas perto do recife de Xianbin, nas Ilhas Nansha, sem permissão do governo chinês”, acrescentou Geng, usando os nomes chineses para Sabina Shoal e Ilhas Spratly.

“A guarda costeira chinesa tomou medidas de controlo contra os navios filipinos de acordo com a lei”, disse.

Enquanto isso, a Task Force Nacional de Manila no Mar das Filipinas Ocidentais disse que dois dos seus navios da guarda costeira foram danificados em colisões com embarcações chinesas, que estavam a realizar "manobras ilegais e agressivas" perto do banco de areia Sabina. O confronto “resultou em colisões que causaram danos estruturais a ambas as embarcações da Guarda Costeira das Filipinas”.

Embora o incidente tenha sido atribuído à guarda costeira chinesa, as imagens divulgadas do incidente mostram uma embarcação, identificada como uma embarcação filipina pelo lado de Pequim, a colidir com o lado esquerdo de um navio chinês antes de seguir em frente.

Já outro vídeo de 15 segundos mostra o navio chinês a entrar em contato com a parte traseira do navio filipino. As legendas ao lado da filmagem alegavam que o navio filipino fez uma “mudança repentina de direção” e causou o acidente.

O porta-voz da guarda costeira chinesa acusou os navios filipinos de agirem “de maneira pouco profissional e perigosa, resultando numa colisão superficial”.

“Advertimos severamente o lado filipino para cessar imediatamente as suas violações e provocações”, disse Geng.

Por seu lado, o diretor-geral do Conselho de Segurança Nacional das Filipinas, Jonathan Malaya, disse que a embarcação BRP Cape Engano, das Filipinas, sofreu um furo de 13cm na trave direita após "manobras agressivas" de um navio da guarda costeira chinesa causarem uma colisão.

Um segundo navio da guarda costeira filipina, o BRP Bagacay, foi “abalroado duas vezes” por um navio da guarda costeira chinesa cerca de 15 minutos depois e sofreu “pequenos danos estruturais”, disse Malaya.

A tripulação filipina saiu ilesa e prosseguiu com a sua missão de reabastecer as ilhas no grupo Spratly.

De acordo com a agência de notícias estatal chinesa Xinhua, o incidente ocorreu às 3h24 de domingo, horas locais de Pequim, 20h24 de sábado em Portugal.

A agência acrescentou ainda que o navio da guarda costeira filipina entrou na água, perto do Second Thomas Shoal, por volta das 6h locais.

Os confrontos dos últimos meses

Os dois países entraram em repetidos confrontos nas águas nos últimos meses, incluindo em torno de um navio de guerra encalhado pelas Filipinas no disputado Second Thomas Shoal, um recife submerso.

Pequim continua a pressionar as suas reivindicações sobre quase todo o Mar da China Meridional, apesar de o Tribunal Internacional ter decidido que as alegações chinesas não têm bases legais.

A China reivindica o Sabina Shoal, por exemplo, que está localizado a 140km a oeste da ilha filipina de Palawan, o pedaço de terra mais próximo, que por sua vez fica a mais de 1.000m do maior pedaço de terra mais próximo da China, a ilha de Hainan.

Nos últimos meses, Manila e Pequim posicionaram os navios da guarda costeira à volta do banco de areia, com as Filipinas a temerem que a China construísse uma ilha artificial ali.

Os repetidos confrontos no Mar da China Meridional têm gerado, contudo, algumas preocupações extra, já que os Estados Unidos da América, aliados das Filipinas, podem ser arrastados para o conflito à medida que a China intensifica os esforços para impor as suas reivindicações no mar.

Alguns especialistas já alertaram para o objetivo de Pequim: avançar em direção a Sabina Shoal a partir do vizinho Second Thomas Shoal, invadir a zona económica exclusiva de Manila e normalizar o controlo chinês na área.

A situação relembra 2012, quando Pequim assumiu o controlo de Scarborough Shoal, outra área estratégica do Mar da China Meridional mais próxima das Filipinas.