Guerra no Médio Oriente: qual o ponto de situação?

O conflito israelo-palestiniano não se resume ao último ano, mas reacendeu a 7 de outubro de 2023 após um ataque terrorista coordenado por vários grupos militantes palestinianos contra cidades israelitas, nas proximidades da Faixa de Gaza, no sul de Israel.

Morreram, nesse ataque, mais de 1200 pessoas e algumas centenas foram levadas como reféns para a Faixa de Gaza.

O que se passa atualmente?

Apesar de ter sido o Hamas a atacar Israel no tal dia 7 de outubro do ano passado, a verdade é que também o Hezbollah atacou Israel um dia depois da incursão do Hamas em solo israelita.

Agora, contudo, sobretudo nas últimas semanas, o conflito tem sido mais aceso entre Israel e esta organização política e paramilitar islâmica xiita libanesa, fundada nos anos 80 durante a Guerra Civil Libanesa, por líderes religiosos alinhados ao Irão.

Qual a notícia de hoje?

A primeira incursão terrestre das forças armadas israelitas no Líbano. As IDF confirmaram que iniciaram esta noite ataques terrestres "limitados, localizados e direcionados" contra "alvos terroristas e infraestruturas do Hezbollah no sul do Líbano".

“Estes alvos estão localizados em aldeias perto da fronteira e representam uma ameaça imediata para as comunidades israelitas no norte de Israel”, frisaram as IDF, numa nota na rede social Telegram.

E qual foi a resposta do Hezbollah?

De acordo com esta organização, alguns pontos em Israel foram alvo de ataque, um dos quais a uma sede da Mossad.

Já ao final da tarde desta terça-feira, o Exército israelita afirmou que o Irão também lançou mísseis contra Israel, após os Estados Unidos alertarem que um ataque da República Islâmica era iminente.

"Há pouco, mísseis foram lançados do Irão em direção ao Estado de Israel", disse o Exército em comunicado, acrescentando que sirenes de ataque aéreo soaram em todo o país, incluindo Jerusalém.

O próprio Irão também já se juntou no ataque a Israel.

Qual a razão desta escalada de violência entre Israel e o Hezbollah?

Apesar de alguns ataques terem começado há quase um ano, esporádicos, a verdade é que a tensão começou a subir no início de setembro, quando Israel fez milhares de equipamentos de comunicação do Hezbollah, causando a morte de dezenas de integrantes do grupo.

Seguiram-se mais uns quantos ataques, que levaram à morte de grande parte da cadeia de comando do Hezbollah. O principal alvo morreu na última sexta-feira, quando o líder Hassan Nasrallah foi atingido num bombardeamento israelita ao quartel-general do grupo, em Beirute. Nasrallah estava no poder há quase 30 anos.

Já esta segunda-feira, um outro ataque israelita, na cidade de Tiro, no sul do Líbano, matou o líder do Hamas neste país, concretamente Fateh Sherif Abu el-Amin.

Qual o histórico entre Israel e o Líbano?

1948
O Líbano luta ao lado de outros países árabes contra o novo estado de Israel. Cerca de 100.000 palestinianos que fugiram ou foram expulsos das suas casas no que havia sido a Palestina governada pelos britânicos durante a guerra chegam ao Líbano como refugiados. Líbano e Israel concordam com um armistício em 1949.

1968
Comandos israelitas destroem uma dúzia de aviões de passageiros no aeroporto de Beirute em resposta a um ataque a um avião de Israel por combatentes palestinianos.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) muda-se para o Líbano dois anos depois de serem expulsos da Jordânia, o que leva a mais conflitos na fronteira.

1973
Forças especiais israelitas disfarçadas matam a tiro três líderes palestinianos em Beirute numa retaliação relacionada com a morte de atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de Munique de 1972.

Os ataques da Palestina em Israel e as represálias militares por parte de Israel contra alvos no Líbano intensificaram-se durante a década de 1970 e levam muitos libaneses a fugir do sul do país e agravam as tensões sectárias no Líbano, onde a guerra civil também começava.

1978
Israel invade o sul do Líbano e estabelece uma estreita zona de ocupação numa operação contra combatentes da Palestina após um ataque militar perto de Telavive. Israel apoia uma milícia cristã local chamada Exército do Sul do Líbano (SLA).

1982
Israel invade o Líbano até Beirute numa ofensiva que se segue a um tiroteio na fronteira.

Milhares de combatentes palestinianos são evacuados por mar após um cerco sangrento de 10 semanas à capital libanesa, que envolve ​​bombardeamentos pesados a oeste de Beirute.

Centenas de civis nos campos de refugiados da Palestina de Sabra e Shatila são massacrados por milícias cristãs autorizadas a entrar com as tropas israelitas depois que do recém-eleito presidente católico do Líbano ser morto por um carro-bomba.

A Guarda Revolucionária do Irão cria o grupo armado muçulmano xiita Hezbollah no Líbano para combater a invasão de Israel.

1985
Israel retira-se do centro do Líbano em 1983, mas manteve forças no sul. Estabelece uma zona de ocupação formal no sul do Líbano, a cerca de 15 km de profundidade, e controla a área com o aliado SLA (Exército do Sul do Líbano). O Hezbollah trava nesta altura uma guerra de guerra contra Israel.

1993
Israel lança em julho a "Operação Accountability", um ataque de uma semana contra o Líbano. Israel sublinha que o objetivo é atacar diretamente o Hezbollah, para dificultar que o grupo use o sul do Líbano como base para atacar Israel e pressionar o governo libanês a intervir contra o grupo.

1996
Com o Hezbollah a atacar regularmente Israel no sul e a disparar contra o norte de Israel, o país organiza a ofensiva de 17 dias "Operação Vinhas da Ira", que mata mais de 200 pessoas no Líbano, incluindo 102 que morrem quando Israel ataca uma base da ONU perto da vila de Qana, no sul do Líbano.

2000
Israel retira-se do sul do Líbano, após ataques contínuos do Hezbollah a posições militares de Israel em território do Líbano ocupado, e acaba com 22 anos de ocupação.

2006
Em julho, o Hezbollah cruza a fronteira com Israel, rapta dois soldados israelitas e mata outros, dando início a uma guerra de cinco semanas que envolve pesados ​​ataques de Israel tanto em redutos do Hezbollah quanto na infraestrutura nacional.

Enquanto as forças terrestres de Israel se movem para o sul do Líbano, grande parte do conflito é conduzido por ataques aéreos e disparos de mísseis do Hezbollah. Este conflito termina sem que Israel alcance os seus objetivos militares e com o Hezbollah a declarar uma "vitória divina".

Pelo menos 1.200 pessoas no Líbano, a maioria civis, e 158 israelitas, a maioria soldados, são mortos.

2024
A 1 de outubro, o exército de Israel disse que tinha iniciado "ataques terrestres limitados, localizados e direcionados com base em informações precisas" contra as forças do Hezbollah em vilas do sul do Líbano, perto da fronteira, que representam "uma ameaça imediata às comunidades israelitas no norte de Israel".

Dizem ainda que a força aérea e a artilharia estão a apoiar as forças terrestres com "ataques precisos".

E qual a razão do Irão ter atacado Israel?

A Guarda Revolucionária do Irão anunciou que os ataques são uma resposta à morte do líder do Hezbollah Hassan Nasrallah, na última semana, e de Ismail Haniyeh, líder do Hamas assassinado este ano.

O Irão considera que o ataque  é "a resposta legal, racional e legítima do Irão aos actos terroristas do regime sionista - que visavam cidadãos e interesses iranianos e infringiam a soberania nacional da República Islâmica do Irão - foi devidamente executada".

E deixam a ameaça: "Se o regime sionista se atrever a responder ou a cometer novos atos de malevolência, seguir-se-á uma resposta subsequente e esmagadora", escreveu na rede social X a Missão Permanente da República Islâmica do Irão nas Nações Unidas.

E o conflito entre Israel e o Hamas, acalmou?

Não. Ainda esta madrugada, pelo menos 13 palestinianos foram mortos no campo de Nuseirat em Gaza após um ataque aéreo israelita.

Aliás, alguns palestinos revelam temer que a mudança de foco de Israel para o Líbano possa levar o mundo a pensar que o conflito em Gaza acalmou.

“Tememos que o mundo inteiro se concentre no Líbano e deixe Israel fazer o que quiser em Gaza e cometer os seus massacres e invasões em Gaza. Esperamos que a guerra no Líbano seja limitada e pare o mais cedo possível porque se Israel invadir o Líbano, terão rédea solta em Gaza sem foco dos mídia, organizações internacionais ou das Nações Unidas”, dizem.

Quantas mortes estes conflitos no Médio Oriente já causaram no último ano?

Em Gaza, não há fontes oficiais, mas segundo o Hamas já morreram mais de 38 mil pessoas, a maioria civis, há mais de 80 mil feridos e mais de 2,3 milhões tiveram de fugir de suas casas.

Já o Ministério da Saúde do Líbano relatou que morreram mais mil libaneses e seis mil ficaram feridos.

Do lado de Israel, segundo as autoridades, morreram cerca de duas mil pessoas.

(Pode acompanhar aqui esto conflito ao minuto)

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