Os resultados de uma investigação levada a cabo pelo CSIRO, órgão nacional para investigação científica na Austrália, evidenciam que o SARS-CoV-2 sobrevive mais tempo em temperaturas mais baixas, tende a sobreviver mais tempo em superfícies não porosas ou lisas, como vidro, aço inoxidável e vinil, em comparação com superfícies porosas complexas, como por exemplo o algodão, e sobrevive mais tempo em notas de papel do que em plástico.

A longevidade do vírus foi testada em ambientes escuros, para evitar os efeitos da luz UV, e a três temperaturas diferentes. Os resultados revelaram que a capacidade de sobrevivência do vírus diminui com o aumento da temperatura ambiente.

Segundo os investigadores, em superfícies lisas, o vírus mostra-se “extremamente robusto” a uma temperatura de 20ºC, podendo assim sobreviver até 28 dias em ecrãs de telemóveis, vidro, aço inoxidável e notas. No algodão, por exemplo, o vírus mostrou menos resistência, tendo sobrevivido até 14 dias com temperaturas baixas e menos de 16 horas com temperaturas mais elevadas.

Estudo da CSIRO
Estudo da CSIRO créditos: DR

Em termos gerais, os vírus são transferidos entre a pele contaminada e superfícies de contacto elevado, tais como ecrãs tácteis em telemóveis, caixas multibanco, quiosques de check-in em aeroportos e quiosques de self service em supermercados, podendo atuar como fómites (objeto ou material que pode alojar um agente infeccioso) para a transmissão de vírus.

Os resultados mostraram que o vírus pode permanecer infecioso nas superfícies durante longos períodos de tempo, o que no caso dos vidros touch screens poderá ter importância. Perante os resultados, Debbie Eagles, diretora adjunta do centro para a prevenção de doenças e uma das autoras do estudo, reforça “a necessidade de adoção de boas práticas como a lavagem regular das mãos e a limpeza das superfícies”.

“Embora o papel preciso da transmissão por superfícies, o grau de contacto na superfície e a quantidade de vírus necessária para a infeção ainda não tenham sido identificados, estabelecer por quanto tempo este vírus permanece viável nas superfícies é fundamental para desenvolver estratégias de mitigação do risco em áreas de alto contato”, explicou Debbie Eagles.

Trevor Drew, diretor do centro e coautor do estudo, salientou, contudo, que o “tempo [que] podem sobreviver e permanecer infeciosos depende do tipo de vírus, da quantidade, da superfície, das condições ambientais e da forma como é depositado – por exemplo, toque ou gotículas emitidas pela tosse”.

“As proteínas e gorduras nos fluidos corporais também podem aumentar significativamente o tempo de sobrevivência do vírus”, acrescenta.

De acordo com o comunicado emitido pelo CSIRO, esta investigação também pode ajudar a “explicar a aparente persistência e propagação do SARS-CoV-2 em ambientes frios com elevada contaminação por lípidos ou proteínas, tais como instalações de processamento de carne e como poderemos enfrentar melhor esse risco”.