A estação arqueológica, considerada pela autarquia como uma das mais importantes da Idade do Ferro do Norte de Portugal, não está vedada e tem uma parcela de terreno que pertence a privados que, na semana passada, decidiram vender as árvores a madeireiros que, com “maquinaria pesada”, destruíram “muros e caminhos” do monumento, explicou Fernando Rocha na reunião pública do executivo municipal.

Após ter tomado conhecimento e apresentado uma queixa-crime no Ministério Público (MP), a Câmara Municipal de Matosinhos vai, agora, tentar identificar com “maior exatidão” os danos causados e delinear um plano de ação para recuperar o que restou, adiantou o vereador.

Fernando Rocha esclareceu que foram “removidas muitas terras e retiradas muitas árvores”, e que a chuva “pode por em causa o que ainda resta do Castro”, daí ser “urgente” uma intervenção.

Depois de ter apresentado queixa no MP e de comunicar a situação à Direção Regional de Cultura do Norte, o vereador reconheceu que a câmara não pode fazer mais por se tratar de terrenos privados.

“Não há palavras para classificar esta situação. Isto demonstra uma total falta de respeito pela história de Matosinhos e pelo património. Deixaram o Castro num estado lastimável”, vincou.

Segundo a autarquia, o lugar do Castro do Monte Castêlo é um ponto fulcral para a história de Matosinhos e da Área Metropolitana do Porto, preservando as raízes da primeira povoação.

No passado mês de abril iniciou-se a terceira campanha arqueológica, cujos primeiros vestígios desta ocupação foram revelados em 2016.

As escavações de 2016 e 2017 puseram a nu diversos muros que corresponderiam à existência naquele local de duas casas do tempo do Império Romano, mas também construções mais antigas.

Foram ainda recolhidos, para estudo posterior, numerosos fragmentos de cerâmica e amostras de sementes, os quais deverão dar indicações para a reconstituição dos diversos aspetos da vivência quotidiana das populações que habitaram aquele local há cerca de dois mil anos.

A “grande quantidade” de ânforas encontradas tem, segundo a câmara, evidenciado a diversidade de contactos comerciais deste porto com zonas como a Itália ou o norte de África.