Vários estudos realizados nos últimos anos sugeriram que o sistema de correntes conhecido por Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (Atlantic Meridional Overturning Circulation, ou AMOC) pode estar a caminho do colapso, enfraquecido por temperaturas oceânicas mais quentes e pela perturbação da salinidade causada pelas alterações climáticas, conta a BBC.

Agora, uma nova investigação — que foi revista por pares mas ainda não foi publicada — utiliza um modelo de última geração para estimar quando poderá entrar em colapso, sugerindo que tal pode ocorrer entre 2037 e 2064, mas com maior probabilidade de acontecer em 2050.

"Isto é realmente preocupante", afirmou René van Westen, investigador marinho e atmosférico da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e coautor do estudo.

"Todos os efeitos secundários negativos das alterações climáticas antropogénicas vão continuar, como mais ondas de calor, mais secas, mais inundações. E se, para além disso, houver um colapso da AMOC, o clima tornar-se-á ainda mais distorcido", frisa.

Na prática, a AMOC puxa a água quente de superfície do hemisfério sul e dos trópicos e distribui-a no frio Atlântico Norte. Por sua vez, a água mais fria e salgada afunda-se e flui para sul.

Assim, este mecanismo impede que partes do hemisfério sul aqueçam demasiado e que partes do hemisfério norte fiquem insuportavelmente frias, ao mesmo tempo que distribui os nutrientes que sustentam a vida nos ecossistemas marinhos.

Por isso, um colapso da AMOC deixaria partes do mundo irreconhecíveis: a temperatura média da Europa cairia a pique e a Amazónia teria as estações invertidas, entre outros efeitos.