As partes "chegaram a um acordo extrajudicial", escreveu o advogado de Giuffre, David Boies, numa carta dirigida a um juiz de Nova Iorque e enviada em nome de ambas as partes, sem divulgar os termos financeiros do pacto.

O membro da família real britânica estava a ser acusado por Victoria Giuffre de tê-la levado a cometer atos sexuais quando tinha apenas 17 anos. O encontro terá sido proporcionado pelo falecido magnata americano e pedófilo condenado Jeffrey Epstein.

A mulher, que hoje tem 38 anos, sustentou que o príncipe André a abusou sexualmente quando tinha 17 pelo menos três vezes, em casas diferentes, que o magnata norte-americano Jeffrey Epstein (que morreu antes do julgamento) colocou à disposição do filho da rainha Isabel II.

O príncipe, que negou sempre as acusações, perdeu uma tentativa de arquivar esta ação civil antes do seu desfecho. Os advogados de André apresentaram em tribunal um acordo de 2009, no qual Virginia Giuffre se comprometeu a não processar Jeffrey Epstein, bem como "outros potenciais acusados”, pelo qual recebeu 500.000 dólares.

Mas, numa decisão de 46 páginas tornada pública na quarta-feira, o juiz Kaplan considerou que o acordo "está longe de ser um modelo de clareza e precisão na sua redação", qualificando-o de “ambíguo” e recusando o arquivamento da queixa.

Além disso, André disse não conhecer Virginia Giuffre, apesar de a imprensa ter divulgado uma fotografia antiga em que aparece agarrado à cintura da então jovem.

No fundo da fotografia pode ver-se a ex-companheira de Epstein, Ghislaine Maxwell, que foi considerada culpada em dezembro por tráfico sexual no tribunal federal de Manhattan e agora corre o risco de ser condenada a dezenas de anos de prisão por colaborar no aliciamento de menores para atividades sexuais.

O caso do filho da monarca britânica não é ajudado pelo facto de existirem fotografias que confirmam a proximidade entre André, Epstein, Maxwell e Giuffre.

André aposentou-se da vida pública como membro da realeza em 2019, após uma entrevista à BBC na qual tentou justificar as acusações de agressão sexual.

Desde então, foi fotografado ocasionalmente a conduzir ou a andar a cavalo pela propriedade privada da rainha no leste da Inglaterra, mas deixou de aparecer em fotografias oficiais, com as do casamento da sua filha Beatriz em 2020. Além disso, o duque de York renunciou aos títulos militares. "Com o consentimento e aprovação da rainha, as afiliações militares e os apadrinhamentos reais do duque de York foram devolvidos à rainha. O duque de York continuará sem nenhum cargo público e defende-se neste assunto como cidadão privado”, adiantou o Palácio de Buckingham em comunicado.

A possibilidade de um acordo extrajudicial como este hoje confirmado já tinha sido adiantada, com a hipótese de André querer evitar a humilhação de um julgamento público.

O advogado de Virginia Giuffre tinha dito à televisão pública britânica BBC que a sua cliente não estava a procurar uma compensação financeira. “Um simples acordo financeiro não é algo que ela esteja interessada. Penso que o importante é que esta resolução [judicial] faça-lhe justiça e faça justiça à sua denuncia”, indicou.