“Não é uma operação especial, não é uma guerra, é genocídio, é terrorismo”, disse Klischko ao discursar na Câmara Municipal de Lisboa (CML) depois de receber a chave de honra da cidade.

O antigo pugilista insistiu que os ucranianos querem fazer parte da família democrática europeia e acusou o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, de estar a tentar reconstruir o antigo império russo.

“Não queremos fazer parte do império russo”, afirmou perante o seu homólogo de Lisboa, Carlos Moedas, e uma plateia de convidados que incluía vários diplomatas.

Klischko disse que a guerra na Ucrânia, em curso desde 24 de fevereiro de 2022, é o maior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e reafirmou que a Rússia deve ser derrotada.

“A Ucrânia tem de ter sucesso nesta guerra”, disse, admitindo que os ucranianos nunca esperaram que a Rússia invadisse o país, apesar do destacamento de tropas na fronteira dos dois países.

“Sempre pensámos que não o fariam”, afirmou.

Mais de um ano depois, disse que não há uma estimativa de baixas civis e militares, mas sabe-se que “são milhares e milhares”, e há um elevado nível de destruição do país.

“Kiev não está na linha da frente, mas há 800 edifícios destruídos na cidade e 150 civis foram mortos, incluindo cinco crianças”, desde o início da invasão russa, exemplificou.

Klischko disse que a guerra destruiu a economia da Ucrânia e renovou o apelo à União Europeia (UE) para ajudar a reconstruir o país no pós-guerra.

“Esperamos a ajuda dos nossos amigos e entrada na UE, mas, para já, temos de lutar pela nossa liberdade”, afirmou.

Já a pensar no pós-guerra, Klischko entregou a Moedas um plano com sugestões para a participação de Lisboa na ajuda à reconstrução de Kiev, disse à Lusa fonte oficial da CML.

Klischko também convidou o presidente da CML a visitar Kiev, convite que Moedas aceitou, faltando acertar a data, disse a mesma fonte.

O presidente da câmara de Kiev, cargo que exerce desde 2014, agradeceu ainda a ajuda e a solidariedade dos portugueses, em especial o acolhimento de milhares de refugiados ucranianos.

Portugal concedeu mais de 59.000 proteções temporárias a pessoas que fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, segundo dados divulgados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) na segunda-feira.

Lisboa é o município com mais proteções temporárias concedidas, 12.570, seguido de Cascais (3.798), Porto (3.042) e Sintra (1.997), de acordo com o SEF.

“Desde que a guerra começou, ajudámos muitos”, disse Carlos Moedas, que recordou que os portugueses apoiaram os ucranianos desde a primeira hora.

A chave de honra da cidade distingue “personalidades, instituições ou organizações nacionais ou estrangeiras que – pelo seu prestígio, cargo, ação ou relacionamento com Lisboa – sejam considerados dignos dessa distinção”, segundo a CML.

[Notícia atualizada às 15:48]