“Aquilo que estamos a celebrar aqui hoje, também, não é só essa história de raízes que a Mundet e os trabalhadores da Mundet representaram. É a história da CGTP, é o nascimento da intersindical – assim foi denominada no momento do arranque -, daqueles sindicatos que, reunindo os metalúrgicos, os lanifícios, os bancários e os caixeiros, se juntaram um dia para, aproveitando umas frechas da lei de 69, afirmarem a sua vontade de formarem uma realidade federativa ou confederativa a nível nacional”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

”É justo, nestes 50 anos de abril, que se recorde que quatro anos antes do 25 de abril nasceu a Intersindical, nasceu a CGTP, e que também essa frente, como as outras frentes, foram essenciais para preparar o caminho ao movimento dos capitães de abril”, acrescentou o Presidente da República, depois de lembrar que há época “havia manifestações, mobilizações, apesar de reprimidas”, e que tudo isso acabou por se traduzir numa antecipação da revolução.

Em dia de aniversário da CGTP, na presença de antigos dirigentes da central sindical, como Manuel Carvalho da Silva e Isabel Camarinha, entre outros, Marcelo Rebelo de Sousa deixou também um repto ao novo secretário-geral Tiago Oliveira.

“Desejo ao novo secretário-geral, que é o que eu também desejo à CGTP, que possam corresponder a esta ideia fundamental: sempre em renovação, sempre em mobilização, sempre em militância. Não interessa se concordam ou discordam do governo A, B, C ou D, ou do presidente A, B, C ou D. A vossa função é prosseguirem os vossos objetivos, as vossas causas, as vossas lutas. E uma democracia só é democrática se souber respeitar isso mesmo”, disse.

”E, por isso, eu desejo ao Tiago que tenha a felicidade, que é legítimo que ele espere, mas que a construa todos os dias. Não há felicidades gratuitas em matéria de luta política, económica e social. Não há empates – pode haver no desporto, em alguns desportos, empates que normalmente são vitórias ou derrotas disfarçadas – mas não há na política, não há na luta laboral não há em matéria económica, não há em matéria social, não há em matéria de ideias. Ou se ganha ou se perde todos os dias. E se se ganha, alguém perde. E se se perde, alguém ganha”, acrescentou o Presidente da República.

Durante a intervenção na inauguração do novo Centro de Arquivo, Documentação e Audiovisual da CGTP, no Seixal, no distrito de Setúbal, o Presidente da República lembrou ainda que, por ironia do destino, a Intersindical foi fundada a 01 de outubro de 1970, quando o seu pai era ministro da tutela, durante a ditadura, e que lhe coube a ele próprio, Marcelo Rebelo de Sousa, celebrar os 54 anos da CGTP.