O espetáculo com texto e direção de Jorge Andrade estreou-se em abril em Lisboa como parte da “Odisseia Nacional” e do ciclo "Abril Abriu", programado pelo Teatro Nacional D. Maria II, e vai circular agora no âmbito da iniciativa "Próxima Cena".

Em 19 de outubro, a peça estará em cena no Pavilhão Multiusos da Aldeia Social da Misericórdia de Borba, seguindo-se Campo Maior, a 26 de outubro, Sever do Vouga, a 09 de novembro, Fundão, a 16 de novembro, Carrazeda de Ansiães, a 07 de dezembro, e Idanha-a-Nova, a 14 de dezembro.

“Em cada concelho, a sessão do espetáculo é antecedida de uma sessão para escolas, destinada a alunos do 3.º Ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário, que decorre sempre no dia anterior à sessão para público em geral”, acrescentou o Teatro Nacional D. Maria II, em comunicado, responsável pelo projeto “Próxima Cena”, com a Fundação “La Caixa” e o apoio do BPI.

“25 de abril de 1974” trata-se de uma peça performativa como um filme de ficção sobre uma revolução encenada, a partir de imagens de arquivos de Portugal, no Estado Novo e em Democracia, com interpretação do ator José Neves, no papel de um realizador que está a fazer um filme sobre uma revolução.

Em cena está apenas José Neves, numa mesa de trabalho, e apoiado por um ecrã onde são projetadas imagens que vai comentando e narrando.

Para o seu espetáculo, o encenador procurou imagens em arquivos como os da Cinemateca e da RTP, contando com consultoria do jornalista Joaquim Furtado, para construir uma narrativa sobre o que foi Portugal antes e depois da Revolução de Abril de 1974.

A montagem inclui imagens de crianças na Mocidade Portuguesa, de militares portugueses mobilizados para a Guerra Colonial e de demonstrações de poder do regime de Salazar, mas também filmagens de arquivo do dia da ‘revolução dos cravos’, das celebrações civis nas ruas e de alguns dos protagonistas do período revolucionário, do capitão Salgueiro Maia ao político Mário Soares.

Enquanto essas imagens são mostradas ao público, José Neves, no papel do realizador, vai dando indicações de cena, como se fosse o responsável de toda esta revolução encenada. A dada altura até diz que vai precisar de fazer um ‘casting’ de milhares de pessoas para gritarem na rua “O povo unido jamais será vencido!”.

Entre imagens projetadas – que são verdadeiras - e a narração de José Neves, que é ficcional, numa conjugação por vezes marcadamente humorística e sarcástica, o encenador Jorge Andrade quis refletir sobre a História recente do país, e pensar também sobre verdade, desinformação e o que é que isso contribui para a construção de uma realidade.