Pedro Filipe Soares falava no período de encerramento do debate das três moções em disputa na XI Convenção Nacional do Bloco de Esquerda.

Na sua intervenção, Pedro Filipe Soares, que defendeu a moção A, da direção, procurou responder a críticas internas de que o Bloco de Esquerda perdeu o seu caráter revolucionário, se normalizou, institucionalizou na Assembleia da República e está agora "no bolso do PS".

"Se estamos no bolso do PS qual a razão para António Costa se irritar tanto com o Bloco de Esquerda?, questionou, antes de se dirigir às correntes minoritárias do partido.

"A vossa crítica, se fosse realidade, era o sonho de António Costa, mas o nosso povo sabe que o Bloco de Esquerda é a voz mais crítica do parlamento português, ajuda a construir, mas não deixa de apontar o dedo àquilo que tem se ser travado, seja nas rendas da energia, seja nos ataques à Segurança Social através da redução da Taxa Social Única", sustentou.

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda recusou também a tese de que a sua força política só tenha ação no parlamento, rejeitando essa ideia com a seguinte mensagem: "Não somos ativistas do sofá, todos somos ativistas dos movimentos sociais".

Pedro Filipe Soares respondeu ainda à crítica de que o Bloco de Esquerda não ataca o PSD e CDS-PP, referindo-se ao apoio que estes partidos vão dar ao alemão Manfred Weber na corrida à presidência da Comissão Europeia.

"Nas próximas eleições europeias, iremos de braço dado com Marisa Matias. O PSD e o CDS-PP irão de mão dada com quem quis aplicar sanções a Portugal", declarou.

Antes, pela moção M, intitulada "Um Bloco mais forte para mudar o país" e de oposição à direção, Francisco Pacheco defendeu que o seu partido "não se pode dar ao luxo de ter mais quatro anos de Geringonça".

"Somos um partido antissistema e anticapitalista. Não foi para gerir o capitalismo que o Bloco de Esquerda nasceu. A aproximação aos partidos do centrão é o cancro político. O tempo é de ruturas", disse.

Pela moção C, também minoritária, Paulo Teles da Silva defendeu que o Bloco de Esquerda deverá exigir ao PS na próxima legislatura "tudo aquilo que foi rejeitado nesta".

"Se isso for rejeitado, como parece muito provável, o ónus da rutura vai ficar com o PS, que então se virará para a direita. O Bloco de Esquerda tem de estar sempre ao lado de quem trabalha, dos mais fracos e dos explorados", acrescentou.