O anúncio foi feito pela líder parlamentar, Inês Sousa Real, em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.

"O PAN decidiu apoiar a candidatura de Ana Gomes à Presidência da República", anunciou, considerando que a antiga eurodeputada é uma "candidata forte e independente e independente, que vai ao encontro do ideário e dos valores do PAN”.

O PAN é o segundo partido a anunciar o apoio à antiga eurodeputada, depois de o Livre o ter feito no final de setembro.

Inês Sousa Real defendeu que nas eleições presidenciais do próximo ano é “preciso assegurar” a derrota do populismo mas também do “conservadorismo” que representa o crescimento do bloco central.

“Nas próximas eleições, é preciso assegurar não só a derrota clara do populismo antidemocrático, do populismo racista, machista, homofóbico e xenófobo, mas também conseguir derrotar à segunda volta o conservadorismo de um estilo presidencial que não demarca linhas vermelhas na salvaguarda ambiental, e cuja candidatura representa o crescimento de um projeto de bloco central que é bastante nefasto para a democracia”, afirmou, sem citar nomes.

“Portugal precisa de uma Presidente da República que demonstre também afeto pelo planeta e que priorize aquilo que são os desafios ambientais”, frisou.

Na ótica do partido, “as próximas eleições presidenciais serão também um combate pela democracia e pela defesa da Lei Fundamental, a Constituição da República Portuguesa”, uma vez que “as instituições democráticas têm sido postas em causa e tem sido demonstrado muito pouco interesse”, por parte de PS e PSD, por exemplo no combate à corrupção.

Inês Sousa Real considerou também que o “fechamento do sistema democrático” tem levado ao “crescimento do descontentamento” e a uma “quebra de confiança” por parte dos cidadãos, o que permitiu o “aumento dos populismos e dos perigosos discursos de ódio que põem em risco os mais básicos pilares do Estado de direito democrático”.

“A única candidata que pela sua independência e pela transversalidade das suas ideias é capaz de agregar diferentes campos políticos, ativismos, gerações e diferentes sensibilidades, capaz de levar a eleição a uma segunda volta e de vencer estas eleições”, elencou Inês Sousa Real.

A líder da bancada do PAN defendeu que “eleger Ana Gomes como Presidente da República irá representar um enorme avanço” e “derrubar mais uma pedra no muro da desigualdade de género, num país que, em 100 anos de democracia, nunca teve uma mulher como Presidente da República”.

O apoio do PAN baseia-se igualmente no facto de Ana Gomes ser “uma mulher feminista com provas dadas no combate pela igualdade de género”.

Inês Sousa Real destacou ainda o seu “percurso meritório e corajoso” na defesa dos direitos humanos e salientou também que Ana Gomes “não coloca os interesses económicos, a ideologia ou o patrão político acima da defesa dos valores democráticos” e “não vacila perante totalitarismos e autoritarismos”, referindo que têm uma “agenda comum”.

Quanto à decisão, a líder parlamentar disse que houve “uma franca maioria em relação a este nome” na reunião da Comissão Política Nacional que avaliou o assunto e que, por exemplo, a escolha não recaiu sobre Marisa Matias porque o partido não se identifica “com uma candidatura de esquerda, mas sim com uma candidatura independente”.

De acordo com a deputada, o PAN está “inteiramente disponível para colaborar” com a candidata no que considerar necessário, e não está preocupado com “a decisão de outras forças políticas” de também declararem o seu apoio a Ana Gomes.

A diplomata e ex-eurodeputada socialista Ana Gomes confirmou no início de setembro que vai ser candidata a Presidente da República.

Na semana passada, o porta-voz do PAN, questionado sobre o assunto, referiu que o partido se encontrava “a fazer esse debate internamente” e adiantou que “muito em breve” tomaria uma posição oficial sobre as eleições presidenciais.

Nas presidenciais de 2016, o Pessoas-Animais-Natureza declarou apoio à historiadora, escritora e ex-jornalista Manuela Gonzaga, que acabou por desistir antes das eleições por não ter conseguido a validação das 7.500 assinaturas necessárias para oficializar a candidatura.

A seis meses do fim do mandato do atual Presidente da República, são já oito os pré-candidatos ao lugar de Marcelo Rebelo de Sousa.

São eles o deputado André Ventura (Chega), o advogado e fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan Gonçalves, o líder do Partido Democrático Republicano (PDR), Bruno Fialho, a eurodeputada e dirigente do BE Marisa Matias, a ex-deputada ao Parlamento Europeu e dirigente do PS Ana Gomes, Vitorino Silva (mais conhecido por Tino de Rans), o ex-militante do CDS Orlando Cruz e João Ferreira, do PCP.

Atualizado às 13:30

[Artigo corrigido às 16:04]