De acordo com o Jornal de Notícias, em relação aos anos anteriores, verificou-se o aumento do número de apreensões de material pirotécnico efetuadas pela PSP, que admite um crescimento de ocorrências em recintos desportivos, ligada ao uso de petardos e very lights.

Enquanto que na época 2022/2023 foram contabilizados 2814 casos de posse ou uso de artefacto pirotécnico, na época passada, o número disparou para 5466, ou seja, um aumento de quase 100%.

“É cada vez mais uma prática habitual pelos grupos organizados de adeptos. Tornou-se cultural o uso da pirotecnia e esse é um fenómeno que nos preocupa cada vez mais”, revelou o comissário Antony Alves, do Ponto Nacional de Informações sobre o Desporto da PSP, ao JN.

Segundo o oficial, não só a nível nacional mas também internacional, os grupos organizados de adeptos usam petardos e very lights como forma de se “mostrarem”: “São vistos como aqueles que têm coragem, que conseguem pôr bem o seu nome e o do seu grupo organizado de adeptos”, disse.

Com o objetivo de diminuir a utilização deste tipo de material, os valores das coimas foram aumentados para um mínimo de mil euros a pagar por cada adepto identificado, mas, sem efeito.

“Mesmo assim, os adeptos continuam a usar sempre este material”, explicou Antony Alves, que lembrou o perigo desta utilização: "É preciso dizer que a pirotecnia é um material perigoso, não só a nível de queimaduras, mas também pelos gases tóxicos gerados”.

Por outro lado, “pode gerar violentos confrontos com a Polícia quando os tentamos identificar”, adiantou, reforçando que esta não é uma tarefa fácil.

“Agora usam uma técnica que consiste em ir para debaixo das bandeiras de grande tamanho e tapar a cara e o corpo com fatos de pintor descartáveis, que conseguem levar para o interior do estádio porque aquilo é do tamanho de um maço de tabaco. É mais difícil identificá-los”, referiu o oficial à publicação.

Apesar do aumento da utilização deste tipo de materiais, as detenções, contudo, reduziram de 232 na época de 2022/2023 para 86 na época de 2023/2024.

“Temos apostado na prevenção dos crimes e na monitorização do fenómeno, deixando menos margem de manobra. Realizámos várias operações com buscas em processos de investigação que resultaram num número elevado de detenções”, rematou Antony Alves.

Atualmente, há ainda 461 adeptos proibidos de entrar em recintos desportivos por ordem das autoridades judiciais ou administrativas. Porém, no ano passado, eram 376, o que mostra que a medida de interdição de estádios é cada vez mais aplicada.