A CEDEAO pediu a libertação imediata do Presidente Mohamed Bazoum e o “regresso total à ordem constitucional na República do Níger”, segundo as resoluções lidas no final desta cimeira extraordinária, presidida pelo Presidente nigeriano, Bola Tinubu.

A organização determinou ainda a suspensão imediata de todas as transções comerciais e financeiras com o Níger, bem como o congelamento dos bens dos golpistas.

Na eventualidade de os pedidos não serem atendidos no prazo de uma semana, a CEDEAO promete "tomar todas as medidas necessárias", incluindo o "o uso da força", de acordo com as resoluções.

Os líderes da CDEAO decidiram ainda a realização para breve de uma reunião de emergência, envolvendo ministros da Defesa e comandantes das Forças Armadas dos países-membros, para definir a estratégia a seguir para lidar com a crise no Níger, após o golpe de Estado.

A CEDEAO também declarou o espaço aéreo do Níger fechado para voos internacionais, bem como o encerramento das fronteiras terrestres com o país e o congelamento de todos os ativos do país em bancos com ligações a esta organização.

A junta militar do Níger denunciou hoje uma ameaça “iminente de intervenção militar em Niamey” por parte da CEDEAO.
“O objetivo desta reunião [em Abuja] é a validação de um plano de agressão contra o Níger, através de uma iminente intervenção militar em Niamey, em colaboração com os países africanos não-membros da organização e alguns países ocidentais”, segundo um comunicado lido por um membro da junta militar, Amadou Abdramane, na televisão nacional.
“Mais uma vez, lembramos a CEDEAO ou qualquer outro aventureiro da nossa firme determinação em defender a nossa pátria”, acrescentou.

Os autores do recente golpe de Estado já tinham alertado que haveria consequências no caso de uma tentativa de intervenção militar estrangeira no Níger.

Uma manifestação de apoio à junta ocorreu hoje de manhã em Niamey, que se mantém relativamente calma, apesar da proibição de protestos. Centenas de pessoas marcharam, agitando bandeiras russas, em direção à Assembleia Nacional, segundo um jornalista da agência de notícias AFP.

O movimento civil M62, que já havia protestado contra a operação Barkhane do exército francês no Sahel e no Saara, fez os apelos à manifestação.

O Presidente Mohamed Bazoum foi afastado na quarta-feira à noite por militares e detido no palácio presidencial, sob a supervisão da Guarda Presidencial, cujo líder, o general Omar Abdourahmane Tchiani, foi nomeado presidente do CNSP.

Depois do Mali e do Burkina Faso, o Níger, até então aliado dos países ocidentais, torna-se o terceiro país do Sahel - minado por ataques de grupos ligados ao Estado Islâmico (EI) e à Al-Qaida - a viver um golpe de Estado desde 2020.