“Já saíram de Cabul, estão a fazer o caminho de regresso a Portugal e correu tudo muito bem. As circunstâncias foram extremamente difíceis, mas os objetivos foram inteiramente atingidos”, afirmou João Gomes Cravinho em declarações à Lusa.

Segundo o ministro da Defesa Nacional, os militares portugueses retiraram 58 cidadãos afegãos, incluindo intérpretes e tradutores, assim como os seus familiares, que colaboraram com as Forças Nacionais Destacadas (FND) portuguesas, e que deverão chegar a Portugal entre “hoje e amanhã, e eventualmente também domingo”.

“Chegam alguns ainda hoje, mas ainda não posso confirmar em absoluto, tem havido uma enorme volatilidade, mudança de planos a toda a hora, e portanto, não tenho ainda certeza, mas, em princípio, ainda chegam alguns hoje”, referiu Gomes Cravinho.

Explicando a diferença entre os 116 cidadãos afegãos que constavam inicialmente na lista prioritária do Governo português e os 58 que foram efetivamente retirados, o ministro da Defesa afirmou que, tendo em conta que, “na sua grande maioria”, os interpretes e tradutores que colaboraram com as FND portuguesas também trabalharam com outras forças, o entendimento do Governo é que “muito provavelmente terão saído com outros países”.

“Os 58 que vieram correspondem àqueles que contactámos e, depois, que deram seguimento à nossa manifestação de disponibilidade para os acolher. Porque os contactos iniciais que apontavam para 116, vários deles, depois – presumivelmente porque saíram de Cabul com outros – não deram mais seguimento. E, portanto, estou muito satisfeito porque a nossa força que lá esteve conseguiu recolher a totalidade daqueles que deram seguimento à nossa disponibilidade”, indicou.

Numa fase inicial, o ministro da Defesa indicou que Portugal irá receber “bem mais” do que os 58 cidadãos afegãos retirados e do que os 50 a que o Governo já se tinha comprometido no âmbito da NATO e pela União Europeia.

“Virão também outros que Portugal se comprometeu já a trazer (…) das Nações Unidas. No total nós temos capacidade de receber 300 no imediato. Agora, este número terá de ser aumentado nas próximas semanas, não tenho dúvidas sobre isso”, avançou.

Nesse âmbito, Gomes Cravinho refere que irá ser discutido “no plano europeu” como trabalhar a “vaga de afegãos que virão para a Europa”, participando Portugal “obviamente” nesse “esforço coletivo”.

“Para além disso, é evidente que a nossa disponibilidade continua para receber outros afegãos que saiam do país, que tenham a possibilidade de vir para a Europa”, afirmou.

Os quatro militares portugueses encontravam-se em Cabul desde quarta-feira de madrugada, tendo como missão apoiar a retirada de cidadãos afegãos do país.

[Notícia atualizada às 13:51]