“Depois de ouvir atentamente o povo do Quénia (…), desisto e não assinarei a lei de finanças de 2024, que será portanto retirada”, anunciou Ruto em coletiva de imprensa. “O povo falou”, acrescentou.

Uma jornalista que se destacou como personalidade de oposição, Hanifa Adam, considerou na rede social X que o anúncio de Ruto foi uma mera "operação de comunicação".

"O projeto de lei foi retirado, mas devolverá a vida de todos aqueles que morreram?" - perguntou Adam, que pouco antes tinha convocado novas manifestações.

Pelo menos 22 pessoas morreram nos protestos na terça-feira, informou a agência de direitos humanos do país da África Oriental.

Os manifestantes também forçaram os cordões policiais em Nairóbi, a capital, e entraram nas instalações do Parlamento, um acontecimento sem precedentes desde a independência desta antiga colônia britânica, em 1963.

Saques e incêndios de edifícios também foram relatados em Nairóbi e em outras cidades.

O governo ordenou o envio do exército e o presidente Ruto prometeu, à noite, reprimir a “violência e a anarquia”.

O movimento “Ocupar o Parlamento” surgiu nas redes sociais após a apresentação, em 13 de junho, do projeto orçamental 2024-2025 que previa a introdução de novos impostos como IVA de 16% sobre o pão e uma taxa anual de 2,5% sobre veículos particulares.

O governo alegou que estas taxas eram necessárias para dar margem de manobra ao país altamente endividado.

No dia 18 de junho, o governo anunciou a retirada da maior parte das medidas, mas o movimento exigiu a eliminação total  e convocou na terça-feira novas marchas para esta quarta.