• O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, começou a conferência de imprensa anunciando a contratação nesta semana de "37 novos rastreadores de contactos” para operar nas regiões Norte e Centro. Esta medida soma-se a adaptação das áreas de atendimento dedicadas à Covid-19 foram para áreas dedicadas a doentes respiratórios, ADRs, e à "definição das unidades hospitalares Covid free", que "já executada por todas as administrações regionais de saúde”, entre outras.
  • “É com a serenidade de sempre que continuamos a dizer aos portugueses que o Serviço Nacional de Saúde, apesar das dificuldades e sobrecarga que este momento representa, está preparado para continuar a dar respostas”, sublinhou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde.
  • Lacerda Sales deixou, porém, um aviso à população, dizendo que se é "preciso tranquilidade na definição das medidas de combate à pandemia", também "continua a ser preciso responsabilidade no que é a nossa ação individual na minimização do risco coletivo". "O cansaço de todos é legítimo, mas não pode legitimar o nosso fracasso. Continuamos a depender de todos e de cada um, e o nosso sucesso é o sucesso de Portugal”, alertou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde.
  • Referindo mais alguns dados da pandemia, Lacerda Sales diz que já foram feitos "mais de três milhões de testes à Covid-19 em Portugal" e que o SNS tem "798 camas em unidades de cuidados intensivos, das quais 250 dedicadas à Covid, com uma ocupação de 66%, isto é, 165 doentes Covid”. “A reserva nacional de Equipamento de Proteção Individual, ou seja, equipamento fundamental para os profissionais poderem prestar cuidados de saúde em segurança, é hoje de 29 milhões de artigos”, mencionou ainda.

A possibilidade de novo confinamento

  • Depois de hoje o País de Gales ter anunciado um confinamento de duas semanas para combater a pandemia, Lacerda Sales rejeitou solução igual. "Estamos a todo o custo a evitar confinar, porque não podemos ficar fechados todo o Inverno como é óbvio”, disse, referindo que o Governo tem antes optado por "medidas graduais que visam a convivência com o vírus e com a normalidade possível na nossa vivência coletiva”.
  • “Não teremos garantidamente de ficar confinados se conseguirmos manter o distanciamento social e o nosso comportamento individual de acordo com aquilo que são as diretrizes da DGS", sublinhou o governante acrescentando que "essa etiqueta comportamental social é uma exigência não só no nosso meio laboral, mas também no nosso meio familiar. Isso dá-nos responsabilidades acrescidas e não podemos baixar a guarda”.
  • Questionado novamente quanto à possibilidade de se avançar para o confinamento ou para o decretar de um novo estado de emergência se o número de novos casos não baixar, Lacerda Sales disse que não se deve "fazer cenários de antecipação porque todos são imprevisíveis”, mas adiantou que tais soluções não estão, para já, em cima da mesa. "O Estado de Emergência aplica-se quando a ameaça é de grande gravidade ou de maior gravidade. Não é nessa fase que estamos”, disse.

A alta clínica ao fim de 10 dias

  • Inquirida quanto às novas orientações da Direção-Geral da Saúde, que determinam a possibilidade de alta clínica de um doente Covid-19 ao fim de 10 dias de isolamento sem necessidade de apresentar teste negativo, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicou que tal decisão "surge da evolução do conhecimento científico". "Apesar de alguns graus de incerteza, hoje sabemos muito mais sobre a dinâmica e a replicação do vírus, e sobre como se este excreta, como sai de uma pessoa para a outra e em que quantidade", sublinhou.
  • O ponto fundamental, porém, é que já se sabia que "as pessoas, mesmo depois de não terem sintomas, podiam ter ainda teste positivo, e já se sabia há uns meses que isso provavelmente se devia a partículas virais que ficavam no seu trato respiratório superior mas que não tinham capacidade para infetar outras pessoas”. O que se passou a determinar é que "estas pessoas, se tiverem tido doença ligeira ou assintomática mas com teste positivo, se ao décimo dia não tiverem febre e agravamento de nenhum dos sintomas, considera-se que não estão a infetar outras”, indicou a diretora-geral da Saúde.
  • Perante uma situação destas, o doente pode ter "alta clínica e é ao médico assistente que compete decidir que aquela pessoa teve alta, como para muitas outras doenças temos alta clínica sem fazermos teste para nos darem alta”. Este procedimento "corresponde ao fim do isolamento em que aquela pessoa se encontrava", conclui Graça Freitas.
  • A decisão partiu de vários estudos nacionais e internacionais, assim como da Organização Mundial da Saúde e do Centro Europeu para o Controlo de Doenças Infecciosas, chegando-se à conclusão "que a evolução clínica, e estamos a falar de doentes, é mais relevante do que a evolução laboratorial para determinar se um indivíduo se mantém ou não infecioso".

Os novos casos e a sua relação com a abertura das escolas

  • Instada a fazer uma caracterização dos novos casos de Covid-19 que surgiram nos últimos dias, Graça Freitas admitiu haver " um aumento da proporção de novos casos entre os 50 e os 69 anos", sublinhando, porém, que "a maior parte dos casos são em faixas etárias jovens". "Isto faz todo o sentido porque há uma grande transmissão comunitária do vírus e isto pode levar ao aumento dos casos em todas as faixas etárias. No entanto, continua a verificar-se um predomínio nas populações mais novas”, disse a diretora-geral da Saúde.
  • Já no que toca à faixa de população entre os 20 e os 29 anos, Graça Freitas disse que "é um dos grupos etários com maior proporção de casos, tem 18%", mas que "não anda muito longe de outros grupos etários, como o dos 30 aos 39 anos que tem 16% e o dos 40 aos 49 anos que  tem 17%”.
  • Ainda assim, e tendo em conta que vários surtos têm surgido em instituições do ensino superior onde pessoas desta faixa etária se encontram a estudar, a diretora-geral da Saúde disse que este fim de semana foi lançada "uma grande campanha com medidas transversais a toda a sociedade" e que está a ser feito "um esforço junto dos estabelecimentos de ensino superior para sensibilizar essa faixa de alunos".
  • No entanto, passando das universidades para as escolas, Graça Freitas diz que "não se encontrou nenhuma relação entre a abertura das escolas e o aumento do número de casos". A ausência de ligação deve-se ao facto do "número de casos nas escolas ser  relativamente limitado, muitas vezes são casos isolados" e porque "a maior parte das vezes foram contraídos na comunidade e não ao contrário, não são os alunos que levam para a comunidade”. "Continuamos a ter um padrão de transmissão que é eminentemente familiar e social e, portanto, não temos evidência nenhuma que a abertura das escolas tenha contribuído para este aumento deste número de casos”, concluiu a responsável.
  • Graça Freitas fez ainda uma atualização quanto à identificação de cadeias de transmissão do vírus. “Ao dia de hoje, foi possível em 59% dos casos identificar o contacto com alguém que teve sintomas de Covid-19 e muitas vezes esta percentagem aumenta à medida que se apuram mais os inquéritos epidemiológicos. Ainda é francamente positivo o número de casos em relação ao qual se encontra link”, começou por dizer. No entanto, a diretora-geral da Saúde quis ainda dar "uma outra notícia muito importante". "Há vários meses que sistematicamente o número de dias entre a data de início dos sintomas e o diagnóstico é na ordem dos três dias". Tal prazo "é muito bom" pois "quer dizer que as pessoas não andam durante um longo período a infetar outras. É um dado bastante positivo no que diz respeito à transmissão da doença entre as pessoas”, explicou.

Gripe sazonal

  • No que toca à vacinação contra a gripe sazonal, que iniciou hoje a sua segunda fase, Lacerda Sales recordou que "a partir de hoje, podem vacinar-se as pessoas com mais de 65 anos e doentes crónicos". Fazendo um balanço da primeira fase, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde disse que "foram administradas mais de 225 mil vacinas em estruturas residenciais para idosos e outras respostas sociais, e foram vacinados mais de 30% dos profissionais de saúde”, frisando que "a vacinação continua até ao fim do ano também para estes grupos”.
  • Quanto a este tema, o governante referiu também que foram adquiridos "dois milhões de vacinas, mais 34% do que o ano passado", e que o Governo diversificou "os pontos de vacinação para a gripe", já que "existirão 200 mil vacinas do SNS para administração em farmácias comunitárias de todo o país", sendo que, todavia, "a maior parte das vacinas é administrada, como sempre, nos centros de saúde.”
  • No entanto, questionado quanto às denúncias da ausência de vacinas da gripe para as equipas de farmacéuticos, Lacerda Sales disse que o Governo “celebrou um acordo com as associações de farmácia e de distribuidores, de forma a permitir vacinação gratuita a partir dos 65 anos”. “Neste momento, posso-vos dizer que aderiram 65% das farmácias a nível nacional, garantindo uma cobertura em 256 concelhos, sendo cerca de 92% dos concelhos a nível nacional”, continuou o governante, especificando que "foram disponibilizadas 10 mil doses para os farmacêuticos de farmácias comunitárias nesta primeira semana de vacinação".
  • Quanto ao facto da vacina não poder ser tomada por toda a população neste momento, Lacerda Sales recordou que "a prática habitual na disponibilização é feita em tranches, de forma gradual", ou seja, "não é feita de forma abrupta" e "não se pretende vacinar toda a gente ao mesmo tempo, como é óbvio, até para evitar grandes concentrações". "Portanto, fazemos um apelo à serenidade e tranquilidade porque com certeza toda a gente vai ser vacinada”, afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde.