“O CDS votará a favor do estado de emergência pela gravidade da situação que o país atravessa, sendo certo que o próximo decreto tem de prever a possibilidade de continuidade das aulas em formato 'online', a possibilidade do encerramento de fronteiras e também que a vacinação contemple os idosos com mais de 80 anos”, disse hoje o presidente dos democratas-cristãos, Francisco Rodrigues dos Santos, depois de uma reunião com o Presidente da República sobre a renovação do estado de emergência, que decorreu por videoconferência.

O dirigente centrista, que falava aos jornalistas nos Passos Perdidos, na Assembleia da República, justificou a decisão com a necessidade de “colocar acima de tudo o interesse nacional”, face a números de infeções e óbitos diários associados à covid-19 que “são dramáticos”.

Rodrigues dos Santos transmitiu a Marcelo Rebelo de Sousa a necessidade de “estar consagrado neste estado de emergência a possibilidade de haver ensino 'online'”, criticando o Governo que “escudou-se na sua incompetência” e no “incumprimento” da promessa de adquirir computadores para todos os alunos para suspender as aulas.

O CDS-PP também apelou ao chefe de Estado para “neste estado de emergência estivesse também vertida a possibilidade do encerramento de fronteiras”.

“Quando mais tarde a Europa tomar medidas para conter o avanço galopante desta pandemia, vamos estar a sacrificar vidas de pessoas e atingir recordes diários de mortalidade, de contágios, o que tornam esta situação absolutamente desastrosa”, completou.

O democrata-cristão acrescentou que o executivo liderado pelo socialista António Costa “perdeu 15 dias no combate ao vírus”, criticando a “postura errática” e a insistência “nas falhas de forma absolutamente teimosa e arrogante”.

Tendo em conta o elevado número de óbitos diários que o país registou nas últimas semanas, Francisco Rodrigues dos Santos defendeu “um confinamento a sério” e “sem exceções”.

Questionado sobre o que considera ser um confinamento a sério, o presidente do CDS remeteu para o que foi decretado em março do ano passado.

“Por outras palavras, prejudicamos a economia, mas não conseguimos salvar a vida dos portugueses” com o atual confinamento, explicitou.

De acordo com a Constituição, cabe ao chefe de Estado decretar o estado de emergência, mas para isso tem de ouvir o Governo e de ter autorização da Assembleia da República.

O atual período de estado de emergência para permitir medidas de contenção da covid-19 termina às 23:59 do próximo sábado, 30 de janeiro, e foi aprovado no parlamento com votos favoráveis de PS, PSD, CDS-PP e PAN, uma maioria alargada face às votações anteriores.

O BE voltou a abster-se e PCP, PEV, Chega e Iniciativa Liberal mantiveram o voto contra este quadro legal, que permite a suspensão do exercício de alguns direitos, liberdades e garantias e só pode vigorar por quinze dias, sem prejuízo de eventuais renovações.

Em Portugal, já morreram 11.012 doentes com covid-19 e foram contabilizados até agora mais de 653 mil casos de infeção, de acordo com a Direção Geral da Saúde (DGS).

Hoje foi divulgado um novo máximo de 291 mortes em 24 horas.