“As vacinas estão nas ilhas todas, havendo esse desbloqueio ou sendo levantada a suspensão da administração, há condições”, adiantou Berto Cabral, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.

Minutos depois de ter sido conhecida a posição da Agência Europeia do Medicamento, que considerou que a vacina da AstraZeneca era “segura e eficaz”, não estando associada aos casos de coágulos sanguíneos detetados que levaram à suspensão do seu uso, o diretor regional da Saúde disse estar apenas a aguardar pelo anúncio de retoma da vacinação com a AstraZeneca em Portugal pelo Infarmed para levantar a suspensão nos Açores.

O diretor regional da Saúde admitiu que a suspensão da administração desta vacina em vários países europeus possa ter impacto na confiança da população.

“Tudo o que são situações como esta obviamente que levantam alguma insegurança nas pessoas e, mesmo antes da suspensão, tivemos relatos de pessoas que preferiram perder prioridade a serem inoculadas com vacinas da AstraZeneca”, adiantou.

Ainda assim, Berto Cabral ressalvou que a administração da vacina é acompanhada pelo regulador europeu, apelando à confiança da população.

“Num sistema regulado, de farmacovigilância, em que os sistemas adversos são regulados e em que é feita a avaliação dessas situações, acreditamos que a informação da segurança referida pelo regulador europeu, a Agência Europeia do Medicamento, é de facto um dado importante para a segurança que as pessoas devem sentir ao levar a vacina da AstraZeneca”, acrescentou.

Entretanto, e já depois de a conferência de imprensa ter terminado, o coordenador da ‘task force’ para a vacinação contra a covid-19, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, anunciou que as autoridades de saúde portuguesas decidiram retomar a administração de vacinas da AstraZeneca contra a covid-19.

"O plano de vacinação sofreu uma pausa no que concerne à vacina da AstraZeneca e vai ser posto em marcha outra vez a partir de segunda-feira. Vamos retomar o plano, acelerando-o", afirmou.

Os Açores receberam até à data apenas 8.500 vacinadas da AstraZeneca, tendo já sido administradas 4.500.

No próximo mês, está prevista a chegada à região de mais de 40 mil doses, todas da Pfizer.

“A Região Autónoma dos Açores prevê receber durante o mês de abril 40.950 doses. A confirmar-se, e também com a possibilidade do regresso da administração das vacinas da AstraZeneca, estimamos que a primeira fase de vacinação na Região Autónoma dos Açores possa ser concluída até ao final do mês de abril”, afirmou o diretor regional.

Berto Cabral anunciou ainda a criação de um portal da vacinação contra a covid-19 na região, em que é possível consultar o número de vacinas já administradas e os grupos prioritários, mas também fazer a inscrição para a vacinação e entregar declarações médicas comprovativas de doenças que integram os grupos prioritários.

“É uma forma de não deixarmos de fora as pessoas que têm prioridade, mas essa informação não consta dos serviços. Sabemos que há muitas pessoas que são acompanhadas nos hospitais, há pessoas que são acompanhadas em médicos no privado, há inclusivamente pessoas que são acompanhadas fora da Região Autónoma dos Açores e a sua situação clínica não está atualizada nos centros de saúde”, justificou.

Segundo o diretor regional da Saúde, continua a ser possível fazer inscrição ou entrega de declarações médicas nos centros de saúde, mas este portal permite fazê-lo de forma “mais fácil”.

Até quarta-feira foram administradas nos Açores 35.825 doses de vacinas contra a covid-19, tendo já sido inoculadas com 23.431 pessoas, das quais 12.394 já com duas doses.

Os Açores têm atualmente 115 casos ativos de infeção pelo novo coronavírus que provoca a doença covid-19, dos quais 114 em São Miguel e um na Terceira.

Desde o início da pandemia foram diagnosticados na região 4.040 casos, tendo ocorrido 3.788 recuperações e 29 óbitos. Saíram do arquipélago sem terem sido dadas como curadas 67 pessoas e 41 apresentaram comprovativo de cura anterior.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.682.032 mortos no mundo, resultantes de mais de 121,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.743 pessoas dos 816.055 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.