O Japão informou que os seus caças utilizaram, pela primeira vez, sinalizadores para alertar uma aeronave russa para sair do espaço aéreo japonês, avança o The Guardian.

Na passada segunda-feira, um número não revelado de aviões de guerra F-15 e F-35 foram acionados e dispararam sinalizadores após a aeronave de patrulha marítima russa II-38 ter ignorado os primeiros alertas de rádio do Japão, disse o ministro da Defesa japonês, Minoru Kihara.

Segundo o ministro, esta foi a primeira incursão no espaço aéreo anunciada, publicamente, por uma aeronave russa desde junho de 2019, quando um Tu-95 entrou no espaço aéreo japonês no sul de Okinawa e à volta das Ilhas Izu, no sul de Tóquio.

Kihara afirmou que o avião russo violou o espaço aéreo japonês sobre a Ilha Rebun, próxima da costa da ilha principal mais ao norte do país, Hokkaido, três vezes durante o seu voo de cinco horas naquela área.

“A violação do espaço aéreo é extremamente lamentável e hoje apresentamos um protesto muito sério ao governo russo através de canais diplomáticos e instamo-lo fortemente a evitar uma recorrência”, acrescentou.

O Secretário-Geral do gabinete do primeiro-ministro japonês, Yoshimasa Hayashi, disse que Fumio Kishida pediu ao Governo para responder “com firmeza e calma” ao incidente e trabalhar sobre o mesmo com os Estados Unidos da América (EUA) e outras nações.

“Vamos abster-nos de dar qualquer informação definitiva sobre a intenção e o propósito desta ação, mas os militares russos têm estado ativos nas proximidades do nosso país desde a invasão da Ucrânia”, acrescentou Hayashi.

De acordo com Kihara, o uso de sinalizadores foi uma resposta legítima à violação do espaço aéreo e o país “planeia usá-los sem hesitação”.

A incursão aconteceu um dia depois de uma frota conjunta de navios de guerra chineses e russos navegar à volta da costa norte japonesa. Por esse motivo, o ministro da Defesa do Japão acredita que a violação do espaço aéreo pode estar relacionada com um exercício militar conjunto que a Rússia e a China anunciaram no início deste mês.

As autoridades de defesa japonesas estão preocupadas com a crescente cooperação militar entre a China e a Rússia, bem como com a atividade cada vez mais assertiva da China à volta das águas e do espaço aéreo do Japão.

No seguimento, Tóquio reforçou, significativamente, as defesas do sudoeste do país, incluindo das ilhas remotas, que são consideradas essenciais para a estratégia de defesa do Japão.

Já no início de setembro, um conjunto de aeronaves militares russas voaram à volta do espaço aéreo do sul do Japão.

Por sua vez, no final de agosto, uma aeronave Y-9 chinesa violou, brevemente, o espaço aéreo do sul do país.

O porta-aviões chinês Liaoning, acompanhado por dois contratorpedeiros, navegou entre a ilha mais ocidental do Japão, Yonaguni, e a vizinha Iriomote.

Desde abril de 2023 e março de 2024, a Força Aérea de Autodefesa do Japão enviou 669 vezes jatos para a região, sendo que 70% das vezes foi contra aeronaves militares chinesas, embora esse número não inclua violações do espaço aéreo.

O Japão e a Rússia disputam, atualmente, os Territórios do Norte, um grupo de ilhas controladas pela Rússia que a antiga União Soviética tirou ao Japão no fim da Segunda Guerra Mundial. Esta disputa impediu que os dois países assinassem um tratado de paz, encerrando, formalmente, as hostilidades.

Pelo contrário, a tensão entre os dois países aumentou desde que o Japão demonstrou apoio à Ucrânia. Tóquio não só ofereceu apoio financeiro e militar a Kiev, como impôs sanções a organizações e personalidades russas.