“Não sei o que contêm os documentos, os meus advogados não sugeriram que eu perguntasse sobre o que eram os documentos. Entregaram as caixas nos arquivos e estamos a cooperar plenamente com a revisão [dos documentos]”, salientou o chefe de Estado norte-americano, citado pela agência France-Presse (AFP), à margem da Cimeira de líderes da América do Norte, na Cidade do México.

Na noite de segunda-feira, o assessor jurídico de Biden, Richard Sauber, informou que os advogados do Presidente descobriram, em novembro último, um “pequeno número de documentos classificados” num “armário trancado” no Penn Biden Center, um ‘think tank’ ligado à Universidade da Pensilvânia, e procederam à entrega dos mesmos ao Arquivo Nacional, responsável por preservar esse tipo de material.

Biden manteve um escritório nessas instalações depois de deixar a vice-presidência em 2017, até pouco antes de lançar sua campanha presidencial em 2019.

Na sequência dessa descoberta, o procurador-geral norte-americano, Merrick Garland, pediu ao procurador-geral de Chicago para investigar o assunto, segundo indicou à rede CNN uma fonte familiarizada com o processo.

A Casa Branca confirmou que o Departamento de Justiça estava a rever “um pequeno número de documentos com marcas classificadas” encontrados no escritório, noticiou a agência Associated Press (AP).

“Fui informado sobre essa descoberta e fiquei surpreendido ao saber que há registos do governo que foram levados para aquele escritório”, destacou ainda Biden na primeira reação a esta descoberta.

Independentemente da revisão dos documentos pelo Departamento de Justiça, a revelação de que Biden potencialmente possa ter tratado de forma incorreta os registos confidenciais pode comprometer o chefe de Estado, que classificou de “irresponsável” a decisão do ex-presidente Donald Trump de manter centenas de tais documentos na sua mansão na Florida.

No lado dos democratas, o congressista Pete Aguilar, membro da liderança do partido na Câmara de Representantes, manifestou apoio ao “facto de o Presidente estar a seguir este protocolo estabelecido”.

Já o congressista Republicano Mike Turner pediu esta terça-feira à diretora de Inteligência Nacional “uma revisão completa e minuciosa” à descoberta.

Antes de Biden, também o ex-presidente norte-americano Donald Trump se viu envolvido numa polémica referente à retenção irregular de documentos confidenciais.

Quando saiu da Casa Branca, Donald Trump levou consigo caixas inteiras de documentos, embora uma lei de 1978 obrigue qualquer presidente norte-americano a entregar ao Arquivo Nacional todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho.

Em janeiro, Trump devolveu 15 caixas, mas uma investigação, a Polícia Federal estimou que o magnata provavelmente mantinha outros arquivos na sua luxuosa residência em Mar-a-Lago, na Florida.

Nesse sentido, agentes do FBI realizaram uma vasta busca à mansão de Trump em 08 de agosto, com base num mandado de “retenção de documentos confidenciais” e “obstrução a uma investigação federal”, e apreenderam cerca de trinta outras caixas.

Iniciou-se então uma intensa batalha legal para determinar a natureza dos documentos apreendidos, alguns deles marcados como “ultrassecreto”, “secreto” ou “confidencial”.

Nesta segunda-feira, Trump questionou a atuação do FBI face à descoberta de documentos confidenciais de Biden.

“Quando é que o FBI vai invadir as muitas casas de Joe Biden, talvez até a Casa Branca? Esses documentos definitivamente não foram desclassificados”, escreveu Trump na sua rede social, a Truth Social.