Numa carta a que a agência Lusa teve acesso, estes profissionais demissionários alertaram para a consecutiva degradação da assistência médica prestada no serviço de urgência do Hospital São José, em Lisboa, considerando que se chegou a uma “situação de emergência” que impõe “um plano de catástrofe”.

Na sequência deste episódio, o Bloco de Esquerda apresentou requerimento para audição com caráter de urgência dos chefes de serviço demissionários do CHLC, assim como da sua administração.

O Bloco de Esquerda, por outro lado, solicitou que este requerimento possa ser discutido na próxima reunião da Comissão Parlamentar de Saúde, na quarta-feira.

“Estamos a falar de um hospital central, que presta dos cuidados mais diferenciados do país, com serviço de urgência polivalente e para o qual são encaminhados doentes de vários outros hospitais, principalmente os casos mais complicados. As denúncias feitas pelos chefes de equipa demissionários são, por isso, particularmente graves e devem ser escalpelizadas, nomeadamente pelo parlamento”, justifica-se no requerimento do Bloco de Esquerda.

Tendo em conta o nível de diferenciação das unidades que integram o CHLC, em particular o São José, o Bloco de Esquerda considera “particularmente grave a perda de capacidades formativas, assim como a incapacidade para captar ou fixar médicos especialistas”.

“A administração do CHLC já disse publicamente reconhecer o essencial das queixas. Mas reconhecer a situação não basta, pelo que o Bloco de Esquerda pretende que a administração preste declarações na Assembleia da República, não só para reconhecer os problemas, mas para explicar as causas e, acima de tudo, o porquê de não se terem encontrado soluções”, salienta-se ainda na exposição de motivos sobre as audições requeridas com caráter de urgência.

Numa nota política dirigida ao Governo, o Bloco de Esquerda adverte que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “é fundamental para os cidadãos e para o país”.

“A não contratação, a incapacidade de captação e de fixação de profissionais, a perda de diferenciação e a perda de capacidade de formação são sintomas que devem merecer a maior preocupação e para os quais é preciso ter medidas e soluções”, acrescenta-se no mesmo documento.