O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) diz ter concluído que o prémio que o Governo vai dar aos profissionais de saúde que estiveram na linha da frente do combate à covid-19 durante o primeiro estado de emergência excluiu a maior parte dos médicos.

O secretário geral do SIM, Roque da Cunha, disse à Rádio Renascença que são menos de 10% os que vão beneficiar do prémio salarial e de mais dias de férias. Recorde-se que o primeiro estado de emergência foi entre 19 de março e 2 de maio - um total de 45 dias.

“Na prática, poderá atingir menos de 10% das pessoas envolvidas. As condições que são lá expressas, a necessidade de continuidade e ser especificamente só para o período de estado de emergência.”

Roque da Cunha diz também que apenas os médicos das unidades de cuidados intensivos vão ser premiados.

Para o sindicalista, que salienta que os profissionais de saúde têm “combatido o vírus” há dez meses, sem férias, com folgas alteradas e sem tolerâncias de ponto, diz que “com estas medidas as pessoas estão descontentes, desmotiva”.

O secretário-geral do SIM acusa o Governo de propaganda e quer saber quantos são profissionais é que vão ser abrangidos pela medida.

“Praticamente, só os médicos que estão em cuidados intensivos e de uma forma regular e não descansem. As pessoas não podem trabalhar 14 ou 30 dias seguidos. Há um mecanismo de continuidade que é praticamente impossível ser atingido. Em relação aos médicos que estiveram nos centros respiratórios dedicados ao covid-19, dos cuidados de saúde primários, temos as maiores dúvidas”, afirma.

O sindicato dá o exemplo dos médicos hospitalares, que fizeram 15, 20 ou 25 turnos de 12 horas na urgência covid-19 e que estão excluídos do prémio do Governo.

O prémio consiste na atribuição de 50% da remuneração base do trabalhador (pago numa única vez) e pela atribuição de um dia de férias por cada período de 48 horas de trabalho suplementar e ainda por um dia de férias por cada período de 80 horas de trabalho normal.

Os sindicatos do setor, segundo a estação pública, contestam os critérios do Governo e lamentam que o prémio seja, para já, atribuído apenas aos profissionais envolvidos na primeira vaga da pandemia.

Em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, a ministra da Saúde, Marta Temido, falou da possibilidade de prémios serem atribuídos aos profissionais de saúde que estão a trabalhar na área Covid-19 nesta segunda vaga da pandemia.