1. Amazon contribui mais para a pegada de carbono do que nove países da UE

As compras online estão a contribuir significativamente para a crise climática - tanto que em 2018, de acordo com um estudo do Instituto Nacional de Estatística do governo espanhol, a pegada de carbono da Amazon foi maior do que a de nove dos 27 países da União Europeia, com um valor de 44,4 milhões de toneladas de CO2.

Planeta A

Uma volta ao mundo centrada nos temas que marcam.

Todas as semanas, selecionamos os principais trabalhos associados à rede Covering Climate Now, que o SAPO24 integra desde 2019, e que une centenas de órgãos de comunicação social comprometidos em trazer mais e melhor jornalismo sobre aquele que se configura como um tema determinante não apenas no presente, mas para o futuro de todos nós: as alterações climáticas ou, colocando de outra forma, a emergência climática.

Devido à pandemia, a integração do comércio eletrónico na sociedade foi ainda mais acelerada – 62,6% dos espanhóis fizeram compras online nos últimos 12 meses, em comparação com 58% em 2019, segundo levantamento do INE. Os danos ambientais causados ​​por este processo aumentam significativamente em relação ao comércio tradicional, principalmente devido ao que é conhecido no setor como o “último quilómetro”, ou seja a viagem desde o centro de distribuição até à porta de sua casa.

Também as tentativas de entrega malsucedidas (ou porque o comprador não está em casa ou porque foi para o endereço errado) se traduzem num maior impacto ambiental por serem necessárias viagens adicionais. 

Para ler na íntegra no El País

2. Guterres: A sobrevivência da humanidade será “impossível” se os EUA não voltarem ao Acordo de Paris

“A maneira como estamos a viver é um suicídio”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, numa entrevista aos parceiros do Covering Climate Now. A sobrevivência da humanidade será "impossível" sem que os Estados Unidos voltem a aderir ao Acordo de Paris e alcancem a neutralidade carbónica até 2050, como o próximo governo de Biden prometeu. 

O Secretário-Geral revelou que “é claro” que esteve em contacto com o presidente eleito Biden e esperava dar as boas-vindas aos EUA à “aliança global pela neutralidade carbónica até 2050” que a ONU organizou. Os Estados Unidos são a maior fonte cumulativa de emissões de retenção de calor do mundo e a sua maior potência militar e económica, observou Guterres. Por isso, "não há maneira de resolver o problema [climático]... sem uma liderança americana forte".

Já são vários os países que aderiram a esta aliança global, incluindo a União Europeia, o Japão, o Reino Unido e a China (que é a maior fonte mundial de emissões anuais e comprometeu-se a alcançar a neutralidade  carbónica "antes de 2060")

Para ler na íntegra em The Nation

3. A crise climática está a contribuir para a redução da taxa de natalidade

Muitas pessoas, especialmente das gerações mais jovens, estão a evitar ter filhos por causa da crise climática atual, de acordo com o primeiro estudo académico sobre o impacto da ansiedade climática nas decisões reprodutivas. Alguns pais até se arrependem de ter tido filhos, devido ao medo das condições potencialmente apocalípticas que eles possam ter de enfrentar no futuro.

No total foram entrevistadas 600 pessoas com idades entre os 27 e os 45 anos e descobriram que 96% estavam muito ou extremamente preocupados com o bem-estar dos seus possíveis futuros filhos num mundo em constantes mudanças climáticas. Uma mulher de 27 anos disse: "Sinto que não posso, em sã consciência, trazer uma criança para este mundo e forçá-la a tentar sobreviver ao que podem ser condições apocalípticas". Perceberam também que 6% dos pais confessaram sentir algum remorso por ter tido filhos. “Eu tenho pavor de que eles enfrentem o fim do mundo devido às mudanças climáticas”, confessou uma mãe de 40 anos. 

O número de pessoas que têm em conta a crise climática nos seus planos reprodutivos tem tendência a crescer à medida que os impactos do aquecimento global se tornam mais óbvios. “Para resolver isso, precisamos de agir imediatamente para resolver a problema base, que é a própria mudança climática”, disse o coordenador do estudo, Matthew Schneider-Mayerson.

Para ler na íntegra no The Guardian

Hurricane Maria moving through the eastern Caribbean Sea
Hurricane Maria moving through the eastern Caribbean Sea epa06214558 A handout photo made available by NASA/NOAA GOES Project showing an image from NOAA's GOES East satellite of Category 5 Hurricane Maria moving through the eastern Caribbean Sea 19 September 2017 at 11 a.m. EDT. EPA/NASA/NOAA GOES Project HANDOUT HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES créditos: Lusa

4. “Infelizmente não há vacina para as mudanças climáticas” – mais de 50 milhões de pessoas afetadas por desastres ambientais desde março

As condições climáticas extremas continuam a devastar várias partes do mundo, com mais de 100 desastres a afetar mais de 50 milhões de pessoas desde março deste ano, principalmente nas partes mais pobres do mundo. 

Há fundos para ajudar os mais afetados, mas raramente chegam aonde são precisos, de acordo com um novo relatório da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Dos 20 países considerados mais vulneráveis ​​às mudanças climáticas e desastres associados, a Federação descobriu que nenhum estava entre os 20 principais países que recebem financiamento.

"É uma crise muito, muito séria que o mundo está a enfrentar atualmente", disse o secretário-geral da FICV, Jagan Chapagain, sobre a pandemia da Covid-19. Observou ainda que apesar de haver boas notícias quanto às vacinas para Covid-19, “infelizmente, não há vacina para as mudanças climáticas”. 

Para ler na íntegra em Vox

Por cá: Web Summit – Projeto português vence AI Moonshot Challenge e vai combater poluição nos oceanos

O projeto SMART, que agrega investigadores de cinco instituições portuguesas, foi o vencedor da 1.ª edição do concurso AI Moonshot Challenge e vai receber 500 mil euros para desenvolver um projeto de combate à poluição nos oceanos.

A Agência Espacial Portuguesa (Portugal Space) anunciou hoje que o projeto da equipa liderada pelo Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA-IST), “prevê conjugar a aprendizagem automática (da inteligência artificial) com os princípios das leis da física para construir modelos de previsão e simulação da acumulação de plástico no oceano” a partir de dados recolhidos por satélite.

Para isso, os investigadores vão recorrer a dados de satélite do programa Copernicus para determinar as frequências adequadas para a deteção de plástico em massas de água e complementar essa informação com modelos que simulam o comportamento do oceano. “Uma missão dificultada pela dimensão dos detritos e pela resolução das imagens de satélite atualmente disponíveis”, acrescenta a Portugal Space em comunicado.

Segundo a Portugal Space, o júri valorizou ainda o facto de os investigadores portugueses preverem usar “veículos autónomos marítimos para validar os resultados e recolher ainda mais dados”.

O AI Moonshot Challenge foi lançado durante a edição de 2019 da Web Summit, e os vencedores foram anunciados na edição deste ano da cimeira tecnológica que decorre virtualmente a partir de Lisboa até sexta-feira, e visa encontrar “ideias disruptivas” e novas soluções que combinem tecnologias de computação, dados de satélite e inteligência artificial para resolver problemas no âmbito das alterações climáticas.

Este concurso foi promovido pela Agência Espacial Portuguesa em cooperação com a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Unbabel, Agência Espacial Europeia (ESA), Agência Nacional de Inovação (ANI) e Web Summit e concorreram dez projetos de instituições provenientes de 13 países.

Edição e seleção por Larissa Silva