O suspeito da morte do ator Bruno Candé, que morreu baleado no sábado em Moscavide, concelho de Loures, vai aguardar o julgamento em prisão preventiva, adiantou hoje à agência Lusa fonte judicial. Segundo a mesma fonte, o homem de 76 anos foi ouvido esta manhã no Tribunal de Loures (distrito de Lisboa), tendo-se “remetido ao silêncio”.

De acordo com o jornal Público, a decisão do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Norte justificou-se no perigo de fuga do alegado homicida e “em razão da natureza e das circunstâncias verificadas, de perturbação grave da ordem e tranquilidades públicas”.

O mesmo jornal avança que o suspeito está indiciado pela prática de crime de homicídio qualificado e detenção de arma proibida.

A PSP informou no sábado, sem identificar a vítima, que um homem morreu após ter sido baleado em várias partes do corpo, por outro homem com cerca de 80 anos, na Avenida de Moscavide, em Loures, adiantando que o suspeito tinha sido detido e a arma de fogo apreendida.

Num comunicado divulgado no sábado, a família de Bruno Candé Marques declarou que o ator "foi alvejado à queima-roupa, com quatro tiros, na rua principal de Moscavide", no concelho de Loures, distrito de Lisboa, e que "o seu assassino já o havia ameaçado de morte três dias antes, proferindo vários insultos racistas".

Face a esta circunstância", a família considerou que "fica evidente o caráter premeditado e racista deste crime" e exigiu que "a justiça seja feita de forma célere e rigorosa".

No entanto, apesar da família defender motivações raciais como causa do homicídio, tanto o alegado autor nega tais causas, como a Polícia de Segurança Pública (PSP) diz não ter recolhido testemunhos que indiquem tal motivo.

Ao Expresso, fonte policial explicou que a discussão entre Bruno Candé e o alegado homicida "tinha começado na última quarta-feira por causa da cadela [a quem terá batido] e reacendeu-se no sábado pelos mesmos motivos quando os dois homens se voltaram a encontrar na rua". O caso está a ser investigado pela brigada de homicídios da Polícia Judiciária.

A mesma fonte referiu que "tudo aponta para uma desavença por motivos fúteis em que a parte mais fraca entendeu que só podia equilibrar as coisas com uma arma". Contudo, "a investigação vai prosseguir e podem surgir elementos novos que confirmem ou não os indícios inicialmente recolhidos".

A família referiu que Bruno Candé Marques era ator da companhia de teatro Casa Conveniente desde 2010, tendo participado em telenovelas.

Ontem, em resposta aos jornalistas, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse que a Polícia de Segurança Pública (PSP) "deteve, de imediato, o alegado responsável" pelo crime de homicídio, acrescentando: "As autoridades judiciárias tomarão as suas decisões relativamente a um crime que vivamente repudiamos".

Em comunicado, a associação SOS Racismo reclamou que "justiça seja feita", defendendo que "o caráter premeditado do assassinato não deixa margem para dúvidas de que se trata de um crime com motivações de ódio racial".