“Do ponto de vista dos preços e dos rendimentos, as coisas continuam bastante complicadas” para os produtores, depois de os preços no agricultor estarem em baixo, apesar de uma ligeira recuperação em meados do ano passado, afirmou Pedro Santos, da direção da CNA, numa audição na Comissão de Agricultura e Pescas, no parlamento.

Nesse sentido, apontou que grande parte do valor gerado pela fileira agroalimentar “não fica nos agricultores”, estimando-se que apenas cerca de 20% ou 25% fique com os agricultores.

“É com esses 20% ou 25% que os agricultores têm de pagar todas as despesas que têm de ter para produzir os alimentos e daí tirar o rendimento”, sublinhou Pedro Santos.

Nesse sentido, o responsável sugeriu que deve haver medidas concretas para ultrapassar este fator, “como a introdução de uma lei que proíba a venda com prejuízo”.

“Mas as coisas, de facto, este ano continuam também nesse sentido bastante complicadas, do ponto de vista financeiro, todos os problemas que existiam em 2023 estão lá. Nós vamos ter outra vez problemas na agricultura biológica, nós vamos ter outra vez problemas na produção integrada, vamos ter problemas outra vez em tudo aquilo que existia em 2023”, acrescentou.

Na sua intervenção, Vítor Herdeiro, da Avadouriense – Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense e dirigente da CNA, alertou para os prejuízos nos produtores do vinho, que estão a vender pipas muito abaixo do valor previsto.

Daniel Amorim, da Federação Nacional dos Baldios e também dirigente da CNA, lamentou os atrasos e a “falta de capacidade do ICNF” (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas).

Segundo Daniel Amorim, o ICNF “demora imenso tempo a avaliar um plano de gestão florestal”, “não cumpre aquilo que está estabelecido na lei dos baldios” e “atrasa e reprova projetos que poderiam trazer investimento no interior”.

“Reprova estes projetos porque, nos relatórios feitos pelos seus técnicos, não consideram relevante fazer estas intervenções, mas são intervenções muito necessárias”, lamentou, apontando que há ainda projetos que estão há mais de um ano à espera para serem vistoriados.

“Corremos o risco de haver aqui agricultores a ser prejudicados porque o ICNF não cumpriu com o seu papel”, insistiu Daniel Amorim.

Pedro Santos lamentou ainda a burocracia e a falta de simplificação de processos, dando o exemplo do requisito de correio eletrónico para candidaturas a apoios, um elemento que dificulta o acesso de um elevado número de agricultores.