A Nature acusou o presidente Donald Trump de se ter dedicado a "destruir um sistema" destinado a proteger os cidadãos e lamentou o anúncio da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas e de instituições internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Nenhum outro presidente na história recente chegou ao ponto de politizar as agências governamentais e de as remover do trabalho científico. As ações da administração Trump aceleram as mudanças climáticas, destroem a natureza, poluem o ar e matam a vida selvagem, assim como os seres humanos", pode ler-se.

A revista britânica denuncia ainda as "interferências" do governo "nas agências científicas e de saúde (...), essenciais para a segurança da população" e o "desprezo" pelos "factos e pela verdade, presentes na sua desastrosa resposta à pandemia de covid-19".

Com mais de 215.000 mortos pelo novo coronavírus nos Estados Unidos, "Trump fracassou de forma catastrófica no momento mais importante", afirma a revista, que se recusa a "não fazer nada enquanto a ciência é destruída".

"Donald Trump tornou-se um ícone para aqueles que procuram semear o ódio e a divisão", acrescentou.

"A confiança de Joe Biden na verdade, nas evidências, na ciência e na democracia fazem dele a única opção possível nas eleições americanas", realça a Nature, apelando aos eleitores que votem no candidato democrata em 3 de novembro.

Anteriormente, a Nature já tinha expressado o seu apoio a um candidato presidencial em 2012 (Barack Obama) e em 2016 (Hillary Clinton).

Em setembro, a revista científica Scientific American também tinha anunciado, pela primeira vez em 175 anos de existência, o seu apoio a Biden, acusando Trump de se opor à ciência e de "negar" as mudanças climáticas.

Sem apoiar explicitamente o democrata, o New England Journal of Medicine denunciou, na semana passada, o "fracasso" das autoridades americanas na gestão da crise de covid-19: "Não devemos apoiá-los e tolerar a morte de outros milhares de americanos, permitindo que se mantenham nos seus cargos".