O líder da IL, Rui Rocha, foi o primeiro a tocar no tema - à margem da sua declaração política sobre o 25 de novembro - acusando PCP e BE de “defenderem os ditadores mais execráveis”, e dizendo que “os atos terríveis perpetrados pelo Hamas nos últimos dias não mereceram ainda uma única palavra de condenação, nem do BE nem do PCP”.

O líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, pediu de imediato a defesa da honra da bancada, acusando Rui Rocha de mentir.

“Foi mentira quando acusou o BE de não ter dito nada para condenar o Hamas. É falso, senhor deputado, leia os jornais, é falsa a sua palavra, é uma mentira e o senhor mentiu deliberadamente, o que faz de si um mentiroso, e não é um mentiroso político, é um mentiroso nos factos”, atirou.

Mais tarde, foi a vez de o PSD e o Livre darem ao tema centralidade nas sua declarações políticas, com o vice-presidente da bancada e líder da JSD Alexandre Poço a classificar os ataques a territórios israelitas no sábado como o “novo Holocausto em 2023”.

“A selvajaria terrorista condena-se e combate-se, não admite justificativas. O conflito que divide estes povos não pode ser arrastado para a lama do terror do Hamas”, defendeu.

O PSD disse reconhecer-se na posição da diplomacia portuguesa, que apoia a solução dos dois Estados, e pediu ao PS cautela em alianças parlamentares “com quem justifica ou desculpa o terrorismo apenas pelo seu ódio aos seus alvos de estimação favoritos: Israel, os Estados Unidos ou a NATO”.

O deputado único do Livre, Rui Tavares, cuja intervenção mereceu aplausos das bancadas do PS e do PSD, apontou o Hamas como “uma organização terrorista que tem por causa a opressão do povo palestiniano”.

“A Europa tem de ser um árbitro de credibilidade neste conflito. Que lição damos na nossa política quando fazemos deste tema arma de arremesso partidário”, lamentou.

Pelo PS, o vice-presidente da bancada Francisco César condenou “os atos terroristas”, considerando injustificáveis os ataques a civis: “Sobre esta matéria não há mas, não há dúvidas na condenação”, afirmou.

O deputado socialista disse que a sua bancada se revia nas palavras do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, de que Israel – tendo “direito à sua autodefesa” – deve pautar a retaliação pelo direito internacional.

Pelo BE, a deputada Joana Mortágua condenou novamente os ataques “perpetrados pelo Hamas contra civis”, mas considerou que Israel “já cometeu vários crimes de guerra” e alertou que um cerco total a Gaza também o será.

Já o PCP, pelo deputado Bruno Dias, nunca se referiu ao Hamas e manifestou “um profundo pesar pelas vítimas desta tragédia”.

“O PCP sempre se distanciou de ações de violência que visam as populações e que não servem a causa do povo palestiniano. Sempre condenámos a violência sobre civis. Sobre esta questão importa não esquecer que Israel tem muitas contas a prestar na sua prática de ocupação, violência e guerra, como é visível nos últimos dias”, criticou.

O deputado do Chega Diogo Pacheco de Amorim considerou que neste “ataque terrorista de indescritível selvajaria não há lugar para o habitual ‘sim, mas’”, desafiando o PSD a condenar essas posições “da extrema-esquerda”.

“Nós condenamos os ataques terroristas seja de quem for e esperamos que a resposta do Estado de Israel tenha em atenção a proporcionalidade na resposta”, defendeu Poço, mas acrescentando que “o Hamas tem refém uma população que usa como escudo humano”.

Outro ‘vice’ da bancada socialista, o deputado Pedro Delgado Alves, apelou a que os deputados se concentrem no que está ao seu alcance fazer sobre este conflito: “o combate ao antissemitismo e à discriminação com base na origem étnica”.

“Não simplifiquemos e não achemos que o problema é nosso, o problema é das pessoas que vão passar mais uma noite de incerteza, de horror e de insegurança”, frisou.

A fachada da Assembleia da República está esta noite iluminada com as cores da bandeira de Israel “como manifestação de solidariedade com o povo israelita”, decisão que mereceu o acordo do PS, PSD, Chega e IL.