Num apelo dirigido ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o Fórum salienta tratar-se de “uma obra emblemática de Victor Palla e Bento d'Almeida, datada dos anos 70 e um dos marcos do Moderno na cidade do Porto”.

“Confessamos a nossa perplexidade, não tanto pelo esquecimento a que os serviços da Direção Regional de Cultura do Norte votaram este espaço - que vem no seguimento do que têm feito em várias outras situações - mas pelo facto de o espaço do ‘snack-bar’ Cunha não estar já Classificado de Interesse Municipal e, mais recentemente, no rol de lojas contempladas pela iniciativa camarária ‘Porto de Tradição’”, afirma.

Trata-se de uma "obra total" em que “a dupla de arquitetos - formada, aliás, na Escola do Porto (onde se refugiariam do academicismo lisboeta e onde se conheceram) - pôde pensar todos os detalhes, como era comum à sua praxis, tomando particular interesse e inventividade na tipologia por eles importada do snack-bar”, acrescenta.

O Fórum Cidadania Porto lembra que recentemente se realizou “uma grande retrospetiva” no Centro Cultural de Belém, que deu a conhecer “o seu trabalho transdisciplinar e cujo catálogo contém importantes contributos para o entendimento da singularidade da sua obra no panorama nacional e mesmo internacional: ‘Victor Palla e Bento d' Almeida. Arquitetura de outro tempo’”.

A Câmara do Porto confirmou hoje à Lusa que o pedido da Confeitaria Cunha, estabelecimento fundado na cidade em 1906 e que pode ter de encerrar, para integrar o programa ‘Porto de Tradição’ foi hoje registado nos serviços camarários.

“A Câmara do Porto recebeu um pedido de reconhecimento de loja histórica no âmbito do programa “Porto de Tradição” do estabelecimento “Cunha, registado hoje dia 30 de outubro de 2017 nos nossos serviços”, avançou hoje à agência Lusa fonte do gabinete de imprensa da Câmara do Porto, após um pedido de esclarecimento da Lusa sobre se aquele estabelecimento comercial centenário da cidade do Porto estava, ou não, no rol de lojas contempladas pela iniciativa camarária ‘Porto de Tradição’.

A mesma fonte camarária indica que o pedido chegou aos serviços camarários na sexta-feira transata.

“Como é do conhecimento público, o programa ‘Porto de Tradição protege as lojas históricas que apresentem pedido/requerimento e, dessa forma, através da análise de um grupo independente, têm a possibilidade de reconhecimento como estabelecimento de interesse histórico e cultural ou social local”, acrescentou a mesma fonte.

Na sua edição de sábado, o Jornal de Notícias noticiou que o novo dono do prédio Emporium, onde está instalada a Confeitaria Cunha, fundada em 1906 como padaria, não quer renovar contrato de arrendamento, que termina a 30 de abril de 2018.

Segundo o JN, "embora não se saiba qual o projeto que o novo proprietário - a Emporium 658-Investimentos Imobiliários, Lda - tem em mente, os funcionários da Cunha suspeitam de hotelaria".