No jantar que decorre hoje em Faro, José Gusmão - cuja intervenção antecedeu a da cabeça de lista, Marisa Matias - assumiu as despesas do discurso mais virado para os opositores partidários, apontado que "uma das grandes questões" é se os partidos estão nesta campanha para falar da Europa ou para falar do país.

"A direita já resolveu este problema - não fala da Europa e não fala do país. A direita fará uma campanha inteiramente composta de piadinhas e de ataques pessoais, muitas vezes a roçar o insulto e a infantilidade e esta é uma escolha da direita que faz todo o sentido porque não tem trabalho para mostrar e não tem propostas para trabalhar", atirou.

Já o PS, na perspetiva do número dois da lista do BE, "tem uma estratégia diferente" e "apresenta as vitórias dessa solução política, incluindo aquelas que foram impostas pelos partidos à sua esquerda".

"E que bom é ver o candidato do PS e o primeiro-ministro em campanha dizerem: descongelamos as pensões, aumentamos o salário mínimo, duas exigências que lhe foram impostas pelo BE e PCP", sublinhou.

Já sobre a Europa, acusou Gusmão, os socialistas "não têm nada para apresentar a não ser a outra geringonça do PS".

"O PS esteve condicionado em Portugal para uma política que mostrou que as alternativas eram possíveis, mas em vez de mostrar também isso na Europa, o PS prepara-se para continuar a fazer novas escolhas estratégicas com os seus velhos aliados, mas desta vez com uma solução ainda mais forte, com uma coligação com os liberais europeus, um grupo da direita europeia que, já agora, também defendeu as sanções contra a Portugal", criticou.

O candidato do bloco referia-se a António Costa ter enviado um vídeo a partidos que não integram a família socialista europeia a manifestar o seu apoio ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e ao Presidente francês, Emmanuel Macron.

Costa sublinhou que "todas [as mensagens] se centram numa visão sobre o futuro da Europa" e que "não basta o reforço da família socialista". Costa justificou que Macron e Tsipras também enviaram mensagens para a Convenção socialista portuguesa .

Para o candidato bloquista, o desafio que existe pela frente nas eleições europeias, e depois também nas eleições legislativas, é saber se haverá um regresso "às políticas que têm dominado a democracia portuguesa ao longo de 40 anos" ou "se a escolha vai ser dar ainda mais força a essa diferença" do novo ciclo político.

Já a número um da lista do BE, Marisa Matias, destacou na sua intervenção o tema das alterações climáticas, uma das prioridades que o BE quer colocar na agenda política.

No caso do Algarve, insurgiu-se dizendo:”Não vamos deixar” que se façam furos nesta região e acrescentou que “para Portugal uma resposta às alterações climáticas é uma emergência, mas também uma oportunidade única”.

“É este o sentido da urgência que nos leva a assinar, em conjunto com os partidos que partilham a nossa candidatura do Agora o povo um protocolo climático, que aposta em zero de financiamento público para os combustíveis fósseis, que aposta nos transportes coletivos e em particular na ferrovia, ajuda climática aos partidos mais pobres”, salientou Marisa Matias.