Um tribunal britânico condenou esta segunda-feira à prisão perpétua, sem possibilidade de libertação, a enfermeira considerada culpada por assassinar sete recém-nascidos e por outras tentativas de homicídio-

Lucy Letby, que se negou a comparecer à audiência num tribunal de Manchester (norte da Inglaterra), recebeu uma pena incomum na legislação inglesa.

De acordo com o juiz, citado pelo The Guardian, "esta foi uma campanha cruel, calculada e cínica de assassinato de crianças envolvendo as crianças menores e mais vulneráveis, sabendo que as suas ações estavam a causar sofrimento físico significativo e sofrimento mental incalculável".

O juiz acrescentou ainda que “havia uma maldade profunda que se aproximava do sadismo" nas ações de Lucy Letby, que "agiu de uma forma que era completamente contrária aos instintos humanos normais de nutrir e cuidar de bebés".

A enfermeira foi acusada de deliberadamente ter feito mal a crianças recém-nascidas de diversas formas, incluindo ao injetar-lhes ar nas veias e ao enfiar ar ou leite nos seus estômagos através de sondas nasogástricas.

Foi também acusada de envenenar bebés ao adicionar insulina à alimentação intravenosa e interferir no sistema de entubação para respiração assistida. Letby rejeitou todas as acusações.

Durante o longo julgamento, que começou em outubro do ano passado, os procuradores do ministério público indicaram que o hospital foi palco, em 2015, de um aumento significativo no número de bebés prematuros que morriam ou sofriam súbitas deteriorações do estado de saúde por nenhuma razão aparente. Alguns sofreram “falências catastroficamente graves”, mas sobreviveram com a ajuda da equipa médica.

Os procuradores alegaram que Lucy Letby estava de serviço em todos os casos e descreveram-na como uma “constante presença maligna” na unidade neonatal quando as crianças ficavam inconscientes ou morriam.

Precisaram que a enfermeira fazia mal aos bebés de formas que praticamente não deixavam vestígios e que ela persuadia os colegas de que os casos de falência e as mortes eram normais.

O primeiro bebé alegadamente vítima de Letby foi um menino prematuro que morreu com um dia de idade, em junho de 2015. A acusação alegou que a enfermeira lhe injetou ar na corrente sanguínea.

A polícia iniciou uma investigação às mortes de bebés no hospital em maio de 2017. Letby foi detida três vezes por relação com as mortes, antes de ser indiciada, em novembro de 2020.