Sem detalhar o número de reclamações que recebeu, um porta-voz alegou que "o prazo curto dado pelo Governo do Reino Unido para participar nestas eleições teve um impacto no tempo disponível para informar os cidadãos e para que eles pudessem concluir o processo”.

Um destes cidadãos foi Cristina Pereira, portuguesa residente em Bishop's Stortford, perto de Londres, que foi informada pela autarquia de que o formulário que preencheu para confirmar que pretendia votar não foi recebido e processado a tempo.

"Votei nas eleições locais e era muito importante ter votado nestas eleições, tendo em conta esta fase [do ‘Brexit’], porque pode influenciar o meu futuro aqui", afirmou à agência Lusa.

Cristina Pereira garante que enviou o formulário UC1, obrigatório para todos os europeus residentes que queiram votar, pois formaliza o compromisso de votar apenas no Reino Unido e não nos respetivos países de origem.

"Mas disseram-me que não chegou a tempo", lamentou, realçando a falta de informação clara sobre os direitos dos europeus votarem nestas eleições.

Estes problemas administrativos foram sentidos por europeus que usaram sobretudo as redes sociais para manifestar o descontentamento, usando a chave #deniedmyvote (negado o meu voto).

Nuno Dinis contou à agência Lusa que quando tentou votar em Stockton-on-Tees, localidade no norte de Inglaterra, acompanhado da mulher, Daniela Paulino, igualmente portuguesa, foi-lhes dito que não estavam nos cadernos eleitorais.

"Vivo naquela morada há mais de um ano fiz questão de me recensear eleitoralmente quando cheguei. Aliás, votei nas eleições locais de 02 de maio", salientou.

Ao contactar os serviços do município, foi-lhe explicado que não tinham recebido o formulário UC1.

"O problema é que eu não recebi, mas a senhora dos serviços disse-me que eu não estou elegível para votar", acrescentou.

Esta situação aconteceu anteriormente em eleições europeias no Reino Unido e foi o risco de se repetir que motivou um alerta do movimento New Europeans, que estima que apenas 20% dos cidadãos europeus no Reino Unido preencheram e devolveram o formulário UC1.

As autoridades locais britânicas deveriam ter começado a enviar este impresso no início do ano, mas como a participação do Reino Unido nas eleições europeias só aconteceu devido ao impasse no processo do ‘Brexit' e ao adiamento da data de saída, os formulários só começaram a ser despachados por via postal em meados de abril.

"É um processo feito em duas fases e a maioria dos cidadãos europeus só completou o primeiro, pelo que não poderão votar nas eleições", disse no início deste mês à Lusa o presidente do movimento, Roger Casale, antigo deputado do partido Trabalhista.

Na terça-feira, o movimento the3million, formado após o referendo do ‘Brexit' para defender os direitos dos cerca de 3,7 milhões de cidadãos europeus no Reino Unido, anunciou a intenção de apresentar uma queixa contra a forma como a Comissão Eleitoral britânica preparou as eleições europeias.

Os portugueses residentes no Reino Unido que ainda queiram participar nestas eleições poderão votar nos candidatos portugueses, de forma presencial, nos consulados de Londres e Manchester, no consulado honorário de Belfast, na Irlanda do Norte, e no posto consular da ilha de Jersey, em Saint-Helier.

As mesas de voto nos consulados de Londres e Manchester abrem no sábado a partir das 08:00 até às 19:00 (a mesma hora em Lisboa) e no domingo abrem também às 08:00, mas fecham às 20:00 no domingo.