Em entrevista ao jornal Público e à rádio Renascença, o Presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, revelou que o partido está a compôr uma proposta para "tipificar no nosso Código Penal autonomamente o crime [de ofensas corporais] contra agentes de autoridade, com uma moldura penal agravada".

Segundo o líder centrista, os agentes de autoridade nacionais "precisam de ter autoridade social" e "confiança" dos cidadãos e não serem sujeitos a "discursos de ódio". Nesse sentido, a medida tem como intuito criar a "percepção na sociedade de que um agente da autoridade é um representante do Estado, que age em nome da nossa segurança e que tem de ter o respeito por parte da nossa sociedade, e não ser visto como o adversário ou obstáculo ao exercício das nossas liberdades".

Para além desta medida, o líder do CDS-PP disse que o partido está a trabalhar numa proposta de "comparticipação social atribuída aos idosos mais carenciados para a compra de medicamentos" e justificou dos centristas contra o Orçamento Suplementar, lamentando a ausência de "reformas estruturais" e da "uma verdadeira política de patriotismo económico", considerando ainda que devia ter havido um "alargamento do layoff simplificado" e a "duplicação do valor das linhas de crédito com uma percentagem garantida pelo Estado a fundo perdido".

"Esta ideia de que não há austeridade, defendida pelo ex-ministro das Finanças, é um engodo", rematou, quanto a este assunto.

Na mesma entrevista, Francisco Rodrigues dos Santos voltou a reforçar que "por uma questão de justiça e de equidade" o CDS-PP não vai descartar alianças à direita. "Achamos que os partidos à direita do PS devem ter os mesmos instrumentos de alianças que os partidos à esquerda do PS. Nunca especifiquei nenhum partido", justificou o líder partidário.

Quando questionado se isso significa uma possibilidade de coligação com o Chega, o Presidente do CDS-PP optou por não responder diretamente, mas recordou que o "parceiro preferencial" do partido é o PSD e que os centristas têm "linhas vermelhas e, no caso de serem transpostas, não há coligações possíveis".

Para além disso, Francisco Rodrigues dos Santos fez várias críticas implícitas a André Ventura, dizendo, por exemplo, que o CDS-PP "não diz que é contra o sistema e depois é liderado por um dissidente do PSD" e "não diz que um jogador de futebol não pode comentar assuntos políticos, mas um político já pode passar os seus dias a fazer comentários de futebol".

Considerando o CDS-PP parte de uma "direita humanista que não entra em discursos de ódio", o líder partidário defendeu também que o partido não é "uma inventona que surgiu há meia dúzia de dias que quer fazer um discurso baseado em conversa de café" e que "aqueles que procuram o CDS fora do CDS vão desiludir-se".