"Vamos continuar a ser parceiros de confiança, aliados de boa vontade e amigos próximos. Queremos comprar os vossos produtos, vender-vos os nossos, fazer trocas comerciais convosco da forma mais livre possível e trabalhar com cada um para garantir que estamos mais seguros, mais protegidos e mais prósperos graças a uma amizade prolongada", vai dizer hoje Theresa May em Londres, segundo foi adiantado pelo seu gabinete..

O Governo britânico quer "uma parceria nova e equilibrada - entre um Reino Unido independente, que se auto-governa e global e os nossos amigos e aliados na UE", vinca May, reivindicando um modelo original.

"Não queremos ser membros parciais da União Europeia, nem ser membros associados da União Europeia, nem algo que nos deixe meio-dentro, meio-fora. Não pretendemos adotar um modelo já usado por outros países. Não pretendemos agarrar-nos a bocados do que temos enquanto membros quando estamos a sair", avisa.

No discurso a realizar esta manhã em Lancaster House, num edifício onde se realizam grandes cimeiras internacionais, Theresa May diz acreditar que o resultado do referendo de 23 de junho, que ditou a saída do país da UE, representa uma vontade dos britânicos de "mudança" e um desejo de um "futuro melhor", resumindo: "Eles votaram para sair da União Europeia e abraçar o mundo".

A primeira-ministra quer, por isso, fazer do 'Brexit' uma oportunidade para transformar o país social e economicamente e construir uma sociedade mais justa, ao mesmo tempo que projeta "uma potência comercial grande e global que é respeitada em todo o mundo e forte, confiante e unida internamente".

"Eu quero que este Reino Unido saia deste período de mudança mais forte, mais justo, mais unido e mais virado para fora do que antes. Quero que sejamos um país seguro, próspero e tolerante", declara.

O discurso de Theresa May é muito aguardado porque se espera que torne mais claras algumas linhas de negociação de Londres no processo de saída da UE.

Em outubro, a primeira-ministra já tinha manifestado a determinação em retomar o controlo da política de imigração, incluindo dos cidadãos europeus, e acabar com a soberania do Tribunal Europeu de Justiça.

No entanto, também mostrou interesse em manter, tanto quanto possível, o acesso dos bens e serviços britânicos ao mercado único, deixando alguma indefinição sobre qual dos interesses iria predominar.

O discurso antecede também a decisão do Supremo Tribunal britânico, que deverá anunciar ainda este mês a decisão sobre se o artigo 50.º do Tratado de Lisboa pode ser ativado pelo governo ou se necessita de autorização prévia do Parlamento britânico.