“De partidos que seja previsível que tenham responsabilidades de governo esperam-se programas. É absolutamente estranho e contrário à democracia estarmos neste período, a tão poucos dias das eleições, e nem PS nem PSD terem programa eleitoral”, apontou Catarina Martins.

A coordenadora do BE falava aos jornalistas depois de um encontro com a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), a quem entregou uma versão do seu programa em braile, e aproveitou a ocasião para apontar o dedo aos dois partidos, acusando-os de não terem um programa “em versão nenhuma”.

“O país está numa situação complicada. Temos tantos problemas para resolver, da saúde, do salário, do emprego, da transição climática, e não há uma palavra dos dois maiores partidos sobre o que pretendem fazer depois do dia das eleições”, afirmou.

O PS fez a apresentação das “linhas gerais” do seu programa eleitoral na segunda-feira, em Lisboa, e o PSD tem marcada para sexta-feira a apresentação do seu programa eleitoral, igualmente na capital.

No entanto, para Catarina Martins, linhas gerais “não são um programa” e a coordenadora do BE reiterou que as propostas dos dois maiores partidos já deviam ser conhecidas na integra.

A propósito das eleições legislativas de dia 30 de janeiro, Catarina Martins comentou também o debate entre os líderes do PS e do PCP, transmitido na terça-feira na TVI, em que António Costa se declarou sem confiança na "Geringonça" como modelo estável de governação após o chumbo do Orçamento.

“António Costa tem em todas as eleições um discurso para pedir a maioria, mais agressivo ou menos agressivo, é sempre esse o registo. Desta vez, decidiu o registo de “Ou eu ou o caos”. É errado”, avaliou.

Reiterando que foi o também primeiro-ministro quem, em seu entender, decidiu “atirar-se para uma crise política no meio de uma pandemia”, a líder do BE considerou mais urgente do que nunca o diálogo à esquerda e manifestou a disponibilidade do partido para isso.

Quanto ao dia das eleições, e questionada sobre a possibilidade de milhares de cidadãos se virem impedidos de votar por estarem a cumprir isolamento profilático devido à pandemia da covid-19, Catarina Martins admitiu que é uma questão difícil, mas disse também ter confiança que o Ministério da Administração Interna e as autarquias "farão o seu melhor".

Na terça-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna anunciou que o Governo vai duplicar as mesas para o voto antecipado em mobilidade, face ao aumento do número de casos da pandemia, mas sobre os casos em que as pessoas ​​​​​​​entrem em isolamento após a data do voto antecipado, assumiu que o executivo "não pode fazer nada".