O Partido da Liberdade (FPÖ) de Herbert Kickl obteve 29,1% dos votos, contra 26,2% dos conservadores (ÖVP) liderados pelo chanceler Karl Nehammer, segundo estas primeiras estimativas baseadas na contagem de uma parte dos votos por correspondência e dos boletins de voto contados nas assembleias de voto encerradas anteriormente.

Os austríacos votaram este domingo em eleições gerais que, segundo as primeiras projeções, deverão dar uma vitória histórica à extrema direita, após cinco anos de uma aliança inédita de conservadores e ecologistas para governar o país.

O Partido da Liberdade (FPÖ) já integrou o governo, mas nunca liderou uma votação nacional. Se se confirmar como o partido mais votado, não está claro se conseguirá formar um executivo.

Desde 2021, quando Herbert Kickl assumiu a liderança do partido, marcado pela corrupção, a sua popularidade cresceu graças à irritação dos eleitores com temas como imigração, inflação, e as restrições pela covid, como aconteceu com outros partidos de extrema direita na Europa.

Kickl, 55 anos, fez campanha com slogans como "Ouse tentar algo novo". Nas sondagens o partido tinha 27% das intenções de voto, abaixo dos valores apontados nas primeiras estimativas pós-votação.

"Desta vez será diferente (...) desta vez nós vamos vencer a eleição", declarou Kickl na sexta-feira em Viena.

O atual partido d0 Governo, o conservador ÖVP (Partido Popular da Áustria), do chanceler Karl Nehammer, 51 anos, tinha 25% de apoio nas sondagens. Nehammer fez campanha com a promessa de "estabilidade, ao invés de caos".

Possíveis alianças

A popularidade dos conservadores registou forte queda desde 2019, quanto tinham o apoio de 37% da população.

Os seus aliados na coaligação, os Verdes, têm agora apenas 8% de apoio nas sondagens, quase metade dos votos recebidos em 2019.

Os analistas, no entanto, acreditam que mesmo em caso de vitória do FPÖ, o partido não terá cadeiras suficientes no Parlamento e não encontrará aliados para formar um governo.

O conservador Nehammer reiterou sua recusa a trabalhar com Kickl, que se autodenomina o futuro "Volkskanzler", o chanceler do povo, um termo usado com Adolf Hitler na década de 1930.

Ao votar neste domingo, Nehammer voltou a pedir uma "política de estabilidade" e o bloqueio das "vozes radicais". "Há muito em jogo", insistiu, em referência às eleições decisivas para o futuro da Europa e à guerra na Ucrânia.

Para impedir um governo de Kickl pode ser necessário formar uma coaligação sem precedentes de três partidos, com o ÖVP à frente, ao lado dos social-democratas e de um terceiro partido, que poderia ser o liberal NEOS.

Mas se o ÖVP conquistar a maioria das cadeiras ou acabar numa situação semelhante à do FPÖ, os analistas antecipam uma possível coaligação na qual a extrema direita seria o aliado minoritário.