“Acho que toda a gente sabe aquilo que o Ukra é, mas não o sente tanto como nós. É um profissional de excelência, que treina no limite, com dores e, às vezes, em sacrifício. Não é só um jogador com sentido de humor, mas alguém que dá o exemplo aos mais jovens, puxa pelos colegas no plano da exigência e não admite grandes falhas à sua volta. É por isso que, depois, tem espaço para ser descontraído e foi uma grande mais-valia”, vincou.

Luís Freire falava em conferência de imprensa de antevisão à visita ao Portimonense, no sábado, da 33.ª e penúltima jornada da I Liga, dois dias depois de Ukra, de 36 anos, ter garantido que vai fazer apenas as duas partidas que restam ao Rio Ave esta temporada.

“Se o Rio Ave atingiu os seus objetivos nos últimos três anos, num período até um pouco difícil da sua história, é muito por causa de futebolistas como o Ukra. Ele tem um lugar no mais alto patamar da história do clube, seja pelo que mostrou quando jogava muito, fazia golos e foi para grandes clubes, mas também pelo que faz agora sem jogar tanto”, disse.

Apesar de colocar o “interesse coletivo à frente do individual”, Luís Freire adiantou que o extremo “terá a oportunidade de voltar a jogar e de acabar a época com uma recordação bonita”, numa altura em que é o sétimo jogador com mais jogos de sempre pelo Rio Ave.

Com 16 golos e 30 assistências em 204 duelos, divididos por dois períodos (2012-2016 e desde 2021), André Filipe Monteiro, vulgarmente conhecido por Ukra no futebol, recebeu esta semana o prémio Carreira na gala do clube, que hoje comemora o 85.º aniversário.

“Temos tido um grupo de gente muito unida e próxima. Claro que há personalidades que são insubstituíveis, porque são únicas, mas outras também tem de aparecer com outras características. Não há ninguém igual a ninguém. Agora, penso que Ukra não deixará de estar no futebol português e de ser uma presença marcante, mesmo no Rio Ave. Vejo o exemplo e o legado que ele está a deixar e que terá de ser seguido por outros”, pontuou.

A semana tem sido de felicidade para os vila-condenses, que selaram a manutenção na jornada anterior, ao imporem-se na receção ao Vitória de Guimarães (2-1), beneficiando, depois, da derrota do Portimonense na visita ao recém-campeão nacional Sporting (3-0).

“Alcançámos o primeiro objetivo, que era não descer diretamente, e o segundo, que seria evitar o play-off. Agora, queremos fazer melhor do que na época anterior, sabendo que é mais uma ambição do que uma obrigação e há uma pressão positiva. O estado anímico é de contentamento, mas vejo uma equipa a trabalhar bem, focada e comprometida. Todos têm de dar o máximo. Não posso ter 10 jogadores a correr e um desconcentrado”, pediu.

Além de melhorar a 12.ª posição alcançada em 2022/23, com 40 pontos, Luís Freire quer dilatar o recorde vigente de invencibilidade vila-condense na I Liga, que dura há 10 jogos, ser a defesa com menos golos sofridos na segunda volta – contabiliza os mesmos 12 do Sporting -, e atingir a primeira vitória fora na prova ao fim de 10 empates e seis derrotas.

“Queremos ser muito sérios, porque, além do Portimonense, estão outras equipas na luta [pela fuga à despromoção]. Sabemos que temos essa responsabilidade, na perspetiva de sermos competitivos e de conseguirmos dar o melhor para vencer o jogo. Ainda há bem pouco tempo estivemos nessa corrida e sabemos as emoções que se passam”, finalizou.

O Rio Ave, 10.º classificado, com 35 pontos, visita o Portimonense, 16.º e antepenúltimo, com 28, no sábado, às 15:30, no Estádio Municipal de Portimão, em encontro da 33.ª e penúltima jornada da I Liga, com arbitragem de João Pinheiro, da associação de Braga.