“É inaceitável que nestes locais se permita a construção desordenada de prédios gigantes, destruindo e descaracterizando uma das paisagens que é das mais belíssimas da Madeira”, afirmou a cabeça de lista do PTP às eleições legislativas da Madeira, Raquel Coelho, referindo-se à paisagem do Estreito de Câmara de Lobos, vista a partir do miradouro do Pico da Torre, onde se vislumbra a construção de blocos de apartamentos.

Com uma comitiva de nove pessoas, erguendo bandeiras brancas com o símbolo estampado do PTP, neste quarto dia de campanha eleitoral Raquel Coelho defendeu a proteção da paisagem natural e do próprio turismo da Madeira.

“Queremos chamar a atenção - e o Pico da Torre é um bom exemplo disso - para a destruição que está a ser feita da nossa paisagem, da paisagem rural da Madeira, daquele que é talvez um dos postais mais bonitos do arquipélago da Madeira e que vende o turismo da Madeira no mundo inteiro”, sublinhou a candidata do PTP, em declarações à agência Lusa.

Raquel Coelho disse que na paisagem do Estreito de Câmara de Lobos, “a cada ano que passa, existem menos socalcos”, terrenos utilizados para vinhas ou cultivo de bananeiras.

“A especialidade agrícola do Governo Regional e do PSD na Madeira é plantar mamarrachos nos socalcos da Madeira, em zonas que deviam ser protegidas, que deviam ser reserva agrícola, dada a sua importância na paisagem da Madeira e que são uma referência na Região Autónoma da Madeira, nomeadamente o vinho Madeira, que é conhecido no mundo inteiro”, referiu.

A cabeça de lista do PTP reforçou ainda que “os turistas quando vêm à Madeira não vêm à procura de betão, nem cimento, porque isso já existe nas cidades onde vivem, eles vêm à procura da paisagem única da Madeira, dos socalcos cultivados”, frisando que “é importantíssimo proteger essa paisagem”.

Para o PTP, a Assembleia Legislativa da Madeira e o Governo Regional têm de intervir nesta matéria, inclusive “junto das autarquias para que os PDM [Planos Diretores Municipais] protejam estas áreas, nomeadamente se criem reservas agrícolas”, para salvaguarda da paisagem e da atividade agrícola.

“Estes mamarrachos que são construídos nestas zonas são provenientes da falta de organização do território, porque é perfeitamente compatível correspondermos àquelas que são as necessidades de habitação da população e, em simultâneo, proteger a nossa paisagem e o nosso cartaz turístico”, salientou.

Sobre as expectativas quanto ao resultado das legislativas antecipadas de 26 de maio, Raquel Coelho disse que “os madeirenses e porto-santenses estão bastante escaldados com os 48 anos de governação social-democrata” e querem “uma alternativa”, manifestando esperança de que estas eleições possam ser um ponto de partida para a viragem na política da Região Autónoma da Madeira.

As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.