Por estes dias, Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, seria tema de notícias e reportagens pela festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Este sábado, os fiéis começaram a chegar de madrugada ao Campo de São Francisco para pagar as suas promessas — e garantem que "a fé dá força".

Contudo, seria outro o assunto a projetar a cidade açoriana para a imprensa: um incêndio deflagrou esta manhã no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.

O que aconteceu?

O primeiro alerta para o incêndio foi dado pelas 09:40 locais (10:40 em Lisboa). Tudo indica que o incêndio começou numa área técnica destinada aos postos de transformação de energia do hospital.

Foi também explicado que as chamas eclodiram na zona de instalações e equipamentos e, pelas 15:00, estavam concentradas na zona da carpintaria.

O funcionamento do hospital foi afetado?

Sim. Devido ao incêndio, todos os doentes internados no Hospital de Ponta Delgada têm estado a ser transferidos. Pelas 17:15 locais (18:15 em Lisboa),  faltava retirar 29 doentes das instalações hospitalares.

Os doentes críticos e graves foram transferidos para o hospital da CUF, na cidade de Lagoa, e os restantes para centros de saúde, para a Casa de Saúde de Nossa Senhora da Conceição e para a Clínica do Bom Jesus.

O incêndio na maior unidade de saúde dos Açores obrigou ao encerramento do Serviço de Urgência, Bloco de Partos e Bloco Operatório, à retirada de todos os doentes e afetou o sistema elétrico da infraestrutura.

Além disso,  "foram antecipadas as altas hospitalares dos doentes internados que iriam sair ao longo do dia de hoje".

Neste momento, a administração do hospital não tem previsões sobre quando é que a situação naquela unidade ficará normalizada, mas garantiu que “vai ser reposta o mais brevemente possível”.

Há vítimas?

Rui Andrade, responsável da Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, referiu ao fim da tarde que nove bombeiros sofreram "ligeiros ferimentos, com queimaduras e intoxicação por força dos fumos".

Entre os doentes não há qualquer ocorrência.

Qual o ponto de situação do incêndio?

O incêndio foi declarado extinto às 16:11 locais (17:11 em Lisboa).

“Verificámos ao longo do dia que o incêndio, apesar de circunscrito, ganhou intensidade, o que fez com que chegássemos ao longo do dia com um acumulado de meios de 104 bombeiros, 18 carros vermelhos de combate a incêndios e 26 ambulâncias”, frisou.

Também o Exército mobilizou "uma ambulância e quatro viaturas médicas IVECO, e 15 militares para apoiar as autoridades locais", sabe o SAPO24. Foi assim "efetuado o apoio ao transporte de 39 camas, sete carrinhos hospitalares e diverso material hospitalar  para a Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel".

Em dias de festa e com este incêndio, qual o plano das autoridades de saúde?

A secretária regional da Saúde e Segurança Social, Mónica Seidi, frisou que "a preocupação é garantir a segurança de todos os doentes" e "da população da ilha de São Miguel, cujo número está este fim de semana muito acima daquilo que é o habitual", devido às festas do Santo Cristo.

"Para garantir o acesso a cuidados de saúde à população de imediato acionamos as unidades básicas de urgência dos Centros Saúde que vão funcionar durante 24 horas, porque o serviço de urgência do Hospital de Ponta Delgada está de momento encerrado", disse ainda.

Em caso de situações mais graves os doentes deverão ser encaminhadas para o Serviço de Urgência do Hospital privado da CUF, localizado na ilha de São Miguel, que está articulado com as equipas do Hospital de Ponta Delgada.

Quanto ao Bloco de Partos e Operatório, que estão também de momento encerrados, já foi definido, em articulação com a CUF, um plano para atender a urgências, por via do reforço de elementos do Hospital de Ponta Delgada.

"Há esta preocupação de garantir a segurança dos utentes e da população residente", vincou a secretária regional, admitindo em caso de necessidade retirar doentes para outras ilhas.

A secretária regional revelou ainda que se prevê que "nos próximos quatro a cinco dias seja difícil restituir a energia normal do Hospital do Divino Espírito Santo".

As festas chegavam também ao hospital. O que teve de ser cancelado?

Devido ao incêncio, a missa dos doentes, que era para ser realizada esta manhã, na unidade hospitalar, no âmbito da festa do Senhor Santo Cristo, não foi celebrada, de acordo com informação da Diocese de Angra.

Na nota enviada às redações pelo serviço Diocesano das Comunicações Sociais da Igreja, o bispo de Angra lamenta o incêndio, que impediu a celebração da Eucaristia na Capela do Hospital.

“É sem dúvida um acontecimento triste e por isso a minha primeira palavra vai para a Administração do Hospital, para a Capelania Hospitalar, mas sobretudo para os doentes. Se há lugar onde a Festa do Senhor Santo Cristo deveria chegar era este” disse Armando Esteves Domingues ao Sítio Igreja Açores.

Além da celebração eucarística estava prevista uma visita às enfermarias.

“Tive oportunidade de deixar uma palavra aos doentes e quero aqui expressar o meu agradecimento a todos pelo trabalho que tiveram na preparação desta festa que infelizmente não se pode realizar”, sublinha o prelado diocesano.

*Com Lusa